As vendas no 1.º trimestre totalizaram 374.533 veículos, registrando uma queda em relação ao ano anterior de 24,78%, quando compramos com o período pré pandemia (2019) a queda é de 35,43%, o resultado do trimestre fica abaixo do realizado no ano de 2006.
A produção de automóveis e comerciais leves no mês de março foi de 171.300 unidades, registrando um crescimento de 12,26% em relação ao mês anterior, no acumulado do trimestre a produção caiu 18,05%, o equivalente a menos 100.996 unidades produzidas.
Os números do trimestre de vendas e produção são um indicativo que estamos ainda distantes de uma recuperação plena do setor, se o mercado não reagir no segundo trimestre, poderemos encerrar o ano com vendas abaixo de 2.000 (milhões) de unidades, a Anfavea manteve a projeção divulgada em janeiro, um crescimento no volume de vendas de autos e leves de 8,40% (2.143 milhões), a associação acredita em uma recuperação à partir do segundo semestre.
Conforme veremos adiante, o trimestre tem excelentes destaques, algumas montadoras estão conseguindo aumentar volumes e abocanhar participação de mercado.
No final do artigo teremos uma prévia do mês de abril e gráficos adicionais.
As dificuldades enfrentadas pelas montadoras com a crise no abastecimento de semicondutores permanece sendo ainda o principal entrave para uma recuperação do setor, somado ainda temos a Guerra na Ucrânia, que deverá aumentar ainda mais o desarranjo na cadeia de fornecimento de insumos e matérias-primas.
Conforme vamos ver adiante os principais mercados globais do setor registraram quedas nas vendas no primeiro trimestre, sendo a escassez de semicondutores um dos principais fatores.
As concessionárias e montadoras terminaram o mês de março com estoque de 125,5 (mil) unidades, número suficiente para atender 25 dias de vendas, esse número é um indicativo que poderíamos ter realizado um volume maior de vendas em março, o final do mês foi impactado parcialmente pela postergação de compras de alguns frotistas, em função da possibilidade de nova redução nas alíquotas de IPI, outro fator negativo que justifica a queda nas vendas no trimestre foi o aumento nas taxas de juros e os estoques desalinhados com a demanda.
MERCADOS GLOBAIS – BASE 31.03.2022
Na análise acima é possível perceber que os principais mercados globais registram quedas nas vendas no 1.º trimestre de 2022, a Rússia foi o país que registrou maior queda no mês de março, anotando um recuo de 62,92% em comparação com o ano anterior.
A pandemia dos últimos dois anos criou um cenário inimaginável para o setor, a necessidade de interromper as produções criaram um desajuste na logística de quase toda a cadeia de matérias-primas e insumos, a falta dos semicondutores continua limitando a capacidade produtiva de todas as montadoras, as expectativas iniciais eram de uma regularização no segundo semestre de 2021, a perspectiva atual é uma regularização da oferta semicondutores para o 1.º trimestre de 2023.
Temos também que destacar que a recessão decorrente da pandemia afetou a maioria dos continentes, mais de 90% dos países tiveram queda no PIB (Produto Interno Bruto) em 2020 e quase todos os grandes centros econômicos estão vivenciando aumento em seus índices inflacionários.
Um estudo recente divulgado pela Anfavea e realizado pela IHS, aponta que em 2022 a produção do setor automotivo global deverá crescer apenas 5,6%, projetando 81.555.375 unidades, destacando que em 2019 a produção global foi de 91.786.861 e o recorde produtivo do setor foi no ano de 2018 com 96.869.020 unidades.
No caso da América do Sul, o estudo da IHS aponta um crescimento na produção em 2022 de 12,80%, projetando 2.941.791 unidades, o recorde produtivo na América do Sul foi no ano de 2013 com 4.667.291 unidades, o Brasil produziu naquele ano 3.712.380 unidades, a Anfavea projeta para o Brasil um crescimento na produção de 9,40% (2.460 milhões).
RANKING DE MARCAS MARÇO DE 2022
A liderança pelo 15.ª mês consecutivo é da Fiat, a marca italiana vendeu no mês de março 28.981 unidades, 23,83% abaixo do realizado no mesmo período do ano anterior, no acumulado foram vendidos 79.074 veículos, queda de 22,80% (23.358) em comparação com o ano de 2021 e um crescimento de 0,32% quando comparado com o período pré pandemia. Seu principal modelo de vendas a Fiat/Strada lidera o ranking de modelos, o lançamento da marca o Pulse, ficou com a 17.ª posição.
A segunda posição no mês e no acumulado ficou com a GM, a marca ainda está longe de seus melhores dias, mas parece estar reduzindo suas dificuldades em aumentar a produção, seu primeiro trimestre foi mais uma vez impactado por uma paralisação na produção de sua unidade de Gravataí, onde é produzido o modelo Onix. A marca americana encerrou o trimestre com 50.192 unidades vendidas, suas vendas acumuladas anotaram uma queda de 32,91% (24.621) em relação ao fraco desempenho de 2021, na comparação com o período pré pandemia a marca anota uma queda de 52,83%.
A terceira posição é o destaque do trimestre, a Toyota sempre surpreende em momentos de crise, no ciclo do ano de 2014 enquanto o mercado despencava a marca ganhava espaço, agora parece que não será diferente. O seu último lançamento o SUV Corolla Cross, já é o modelo mais vendido da marca, destacando que a versão híbrida participa com 40%, a pick-up Hilux encerra o trimestre com vendas superiores ao período pré pandemia, o Corolla continua sendo o líder absoluto em sua categoria, a versão híbrida do sedan participa com 20% de suas vendas. A marca japonesa é a única montadora de volume a produzir em grande escala veículos com ¨nova energia¨, no caso as versões híbridas do Corolla e Corolla Cross.
As vendas da Toyota no primeiro trimestre foram de 40.492 unidades, anotando um crescimento em relação ao ano anterior de 22,15%, quando comparado com o período pré pandemia seu volume registra uma queda de 14,39%.
A coreana Hyundai encerra o trimestre com sua melhor participação, foram vendidos 40.359 veículos, em comparação com o ano anterior a marca teve uma queda de 14,30% e na comparação com o período pré pandemia um recuo de 9,61%. Seu principal modelo de vendas o Hyundai HB20 liderou o segmento de automóveis nesses três primeiros meses do ano, o Creta ficou com a terceira posição no sub segmento SUV.
Na linha Premium a liderança ficou com a BMW com 2.765 unidades vendidas, praticamente a mesma quantidade do trimestre anterior, queda de 0,61%. A Mercedes Benz (linha Premium) ficou com a segunda posição e a Volvo encerra o trio das marcas Premium, destacando sua liderança isolada entre os modelos 100% elétricos.
RANKING DE MODELOS DE AUTOMÓVEIS E COMERCIAIS LEVES
A Fiat Strada segue liderando o ranking geral, o comercial leve fecha o trimestre com uma queda nas vendas acumuladas de 24,86%.
O Hyundai HB20 lidera a categoria de automóveis e ficou com a segunda posição no ranking geral, suas vendas acumuladas recuaram 20,72% no trimestre.
Fechando o trio temos o GM/Onix, as vendas do modelo foram prejudicadas pela suspensão parcial da produção na unidade de Gravataí, seu volume caiu 39,68% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O sub segmento SUV fechou o trimestre com a liderança do VW/T Cross, seguido pelo Jeep/Compass e fechando o trio o Hyundai Creta.
Na categoria de pick-ups médias a Fiat/Toro permanece na longa liderança, seguida de perto pela Toyota/Hilux. completa o trio a GM/S10.
No gráfico abaixo poderemos analisar às vendas por modelos nas modalidades Varejo e Atacado (vendas diretas).
O modelo mais vendido no varejo nos três primeiros meses do ano foi o GM/Onix com 13.581 unidades, seguido pelo Hyundai/Creta com 12.226 veículos e fechando o trio do varejo o VW/T Cross com 12.014 unidades.
Na modalidade de vendas diretas a liderança ficou com a Fiat/Strada com 15.588 veículos, seguido pelo Jeep/Compass (10.721) e o Hyundai/HB20 (9.299).
O VW/Gol fechou o trimestre na vigésima posição, o modelo anotou uma queda de 66,58% nos três primeiros meses do ano, parcialmente justificado pela redução na produção.
VENDAS VAREJO E VENDAS DIRETAS POR MARCA
As vendas no varejo representaram 60,67% das vendas totais, anotando um crescimento na participação de 4,55%, seu volume registrou uma queda no trimestre de 21,35%.
A Fiat liderou as vendas no varejo com 38.833 unidades vendidas, a marca italiana concentrou 49,11% de suas vendas nessa modalidade e teve uma queda de 12,04% em relação ao ano anterior.
A GM ficou com a segunda posição no varejo com 35.107 unidades vendidas, suas vendas totais concentraram 69,95% na modalidade, seu volume caiu 30,53% no trimestre.
A Toyota fecha o trio das marcas mais vendidas no varejo com 31.494 unidades vendidas, a japonesa concentrou 77,78% de seu volume nessa modalidade e cresceu 25,73% em comparação com o ano anterior.
As vendas diretas representaram 39,33% das vendas totais, sua participação caiu 6,29% e seu volume total registrou uma queda de 29,51%.
O liderança no atacado (vendas diretas) foi também da Fiat, seguido pela Jeep e fechando o trio a GM.
RANKING DE VENDAS POR ESTADOS
O Estado de São Paulo retorna a liderança, suas vendas anotaram uma queda de 29,30% no trimestre. A marca mais vendida para os paulistanos foi a Fiat (11.450), seguida pela GM (11.085) e fechando o trio a VW (10.880).
A segunda posição ficou com o Estado de Minas Gerais, suas vendas registraram uma queda de 13,33% em comparação com o ano anterior. A marca mais vendida para os mineiros e para as locadoras foi a Fiat (26.164), a segunda posição ficou com a Hyundai (11.000) e fechando o trio dos mineiros temos a GM (5.800).
RANKING DE MARCAS NOVAS ENERGIAS (ELÉTRICOS E HÍBRIDOS).
Os veículos elétricos e híbridos venderam no primeiro trimestre 9.844 unidades, anotando crescimento de 114,79% em relação ao mesmo período do ano anterior, boa parte deste crescimento pode ser creditado às vendas da versão híbrida do Toyota Corolla Cross, que nos primeiros três meses vendeu 4.075 unidades.
Os veículos 100% elétricos (BEV) venderam no trimestre 1.288 unidades, anotando um crescimento de 254,82%, a liderança por marca é da Volvo com 409 unidades, seguida pela JAC com 193 unidades e fechando o trio dos elétricos a Fiat com 132 veículos.
Os veículos Híbridos (PHEV, HEV, HEV/FLEX e MHEV) venderam no trimestre 8.556 unidades, anotando um crescimento de 102,75%, a liderança é da Toyota com 5.905 unidades, seguida pela Volvo com 686 veículos e fechando o trio a BMW com 483 unidades.
O Brasil está distante dos grandes centros em relação a veículos de nova energia, falta uma definição governamental de qual será o caminho adotado pelas montadoras, já passou da hora de criarmos um programa com diretrizes, prazos, benefícios, incentivos e regras para o setor.
VENDAS POR MARCAS PARCIAL 11.04.2022
Nos primeiros 7 dias úteis (11.04.2022) o setor de automóveis e comerciais leves vendeu 48.422 unidades, as vendas anotam um crescimento de 13,18% em comparação com o mês de março e uma pequena queda de 0,31% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os dados atuais projetam vendas para o mês de abril entre 137 mil até 145 mil unidades, estes números sinalizam uma queda entre 16% até 13% em relação ao ano anterior.
O modelos mais vendidos até o dia 11/04 são, a Fiat/Strada (3.116), o Hyundai/HB20 (2.763), Fiat/Mobi (2.567).
GRÁFICOS ADICIONAIS.