O Brasil está inserido em um grande projeto global do Grupo Volkswagen para o desenvolvimento de carros híbridos de baixo custo, os chamados modelos de entrada, os mais baratos de cada marca, antes chamados de “populares”.
O projeto é utilizar a mesma plataforma (base) em que são feitos atualmente o Polo e o T-Cross e adaptá-la para a produção de versões híbridas que poderão usar motores elétricos combinados com motores movidos só a gasolina ou a etanol.
O grupo alemão designou o projeto para sua marca Skoda, que desenvolverá modelos de entrada também com a marca Volkswagen para países da Europa, da América Latina e para a Índia. “Precisamos ter escala para produzir carros de entrada”, afirma o presidente executivo da Volkswagen América do Sul, Alexander Seitz. “Se fizermos uma plataforma só para o Brasil não vai funcionar.”
O alemão Seitz assumiu o posto em 1º de outubro, em substituição ao argentino Pablo Di Si que passou a ser responsável pelo grupo nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, 21, ele participou da inauguração de uma unidade de pesquisa e desenvolvimento instalada dentro da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Chamada de ‘Way to zero’, em referência à estratégia global da companhia de neutralização de carbono até 2050, o laboratório vai desenvolver projetos e tecnologias que contribuam para a descarbonização na América do Sul e que podem ser exportadas para outros mercados. O Brasil é o maior mercado da Volkswagen na região e abriga quatro fábricas.
Seitz não deu detalhes sobre o projeto dos modelos de entrada híbridos, que poderão ser produzidos no País, mas disse que será “no futuro próximo”. Segundo ele, será preciso focar em custos, produção local de componentes e competitividade dos fornecedores de componentes.
Duas montadoras já produzem veículos híbridos no Brasil, a Toyota e a Caoa Chery, mas são de faixas de preço mais altos, como o Corolla e o Tiggo. Carros híbridos importados também são de categorias mais premium. A intenção da Volkswagen é levar a tecnologia para versões mais baratas. Na Europa o grupo também trabalha em uma plataforma desse segmento para carros elétricos que devem ser lançados em 2025.
Eficiência energética e reciclabilidade
A unidade inaugurada ontem pode ajudar no projeto, e já tem parcerias com dez universidades, como Unicamp, USP e UFABC, e com sete empresas, entre as quais Raízen, Shell e Bosch, informa Ciro Possobom, diretor de operações (COO) da Volkswagen do Brasil. Segundo ele, o objetivo das parcerias é a pesquisa de tecnologias que possam aumentar a eficiência energética e incentivar o uso de fontes de energia de baixo carbono.
Também há projetos em avaliação para melhorar a reciclabilidade dos materiais usados na produção de veículos, sempre focando a neutralidade de carbono durante o ciclo de vida dos veículos da marca, desde sua manufatura até seu final.
A Volkswagen já tem parcerias com universidades para outros projetos, como o do uso do etanol em carros a célula de combustível. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)