A Bosch fechou o ano fiscal de 2022 com vendas totais de 10,3 bilhões de reais na América Latina, incluindo as exportações e as vendas das empresas coligadas, um crescimento de 11,5% em comparação com 2021. “Esse crescimento robusto reforça que estamos no caminho certo com a nossa estratégia de longo prazo e de investimentos em soluções de produtos e serviços com alto valor agregado para os mercados onde atuamos, inclusive com forte potencial de exportação”, destaca Gastón Diaz Perez, CEO e presidente da Robert Bosch América Latina. Os setores de Soluções para Mobilidade, Tecnologia Industrial, Bens de Consumo e Energia e Tecnologia Predial contribuíram diretamente para atingir o resultado positivo na região.
Especificamente no Brasil, as vendas da Bosch foram responsáveis por 74% do volume de vendas na região. Seus mais de 10 mil colaboradores no país contribuíram para atingir um faturamento de 7,8 bilhões de reais em 2022, sendo 23% gerados a partir das exportações para os mercados da América Latina, América do Norte e Europa.
No que se refere a 2023, a Bosch segue com uma visão positiva, porém cautelosa. “Em momentos de maior volatilidade, é ainda mais importante garantir a solidez financeira da empresa por meio do equilíbrio entre rentabilidade e investimentos. Neste cenário, esperamos um crescimento moderado das vendas para este ano”, ressalta Diaz Perez.
Inovação e digitalização como impulsionadores do desenvolvimento social e econômico
A inovação faz parte do DNA da Bosch desde a sua fundação, sendo uma das principais alavancas para o crescimento dos negócios. Atrelada à digitalização, ganha ainda mais força, pois estimula o desenvolvimento de novas tecnologias que são significativas para a eficiência de processos, avanço e qualidade de vida.
A importância deste tema é grande para a Bosch América Latina e os números comprovam: em 2019, o total de profissionais atuando em digitalização e serviços era 350 e agora são mais de 800 colaboradores em atividades de alto valor agregado, como programação e desenvolvimento de sistemas.
Neste contexto, a Bosch tem implementado diferentes iniciativas que unem vendas e tecnologia da informação, especialmente direcionadas para acelerar as ações de transformação digital na região. Uma delas é a Digital Talent Academy (DTA) com foco na graduação técnica de jovens com módulos customizados em digitalização, automação inteligente, desenvolvimento de software, inteligência artificial e análise de dados. Com duração de dois anos, a formação é direcionada para estudantes de 16 a 19 anos, inclui bolsa-auxílio e aulas de inglês. Para ingressar, é necessário participar de um processo criterioso que seleciona os jovens mais talentosos e interessados na área, além de refletir a situação demográfica e diversidade da região.
Com isso, a estratégia da Bosch é se tornar um centro de competência global em tecnologias digitais e atender a indústria do futuro com mão de obra especializada. O programa, realizado em parceria com o Senai, chegará ao final de 2023 com 200 alunos e, no próximo ano, com 300. A expectativa é formar cerca de 1000 alunos ao longo dos próximos anos para atender as demandas globais da empresa. Atualmente, a DTA está implantada em Campinas e, em breve, será ampliada para outras localidades onde a Bosch está presente no Brasil.
“Somos muito mais do que um tradicional e consolidado fornecedor de autopeças e ferramentas elétricas. Somos uma empresa de tecnologia parceira dos nossos clientes, pois temos conhecimento, força inovadora, desenvolvemos novos negócios digitais e contribuímos muito com a sociedade na qual estamos inseridos, inclusive com a capacitação técnica de jovens profissionais”, afirma Diaz Perez. Segundo o executivo, as regiões onde a empresa está presente conta com uma excelente infraestrutura logística, universidades renomadas para formação de pessoas, centros de pesquisa e desenvolvimento e custos competitivos que corroboram para tornar o Grupo Bosch na América Latina um centro de competência global em transformação digital.
Espaços colaborativos inspiram novos negócios
Os investimentos em tecnologia digital e em soluções AIoT (união entre Inteligência Artificial e Internet das Coisas) também demandam novos e modernos ambientes que apoiam a cocriação e troca de conhecimento. O DigiHub América Latina, inaugurado no início deste ano na unidade da Bosch, em Campinas, tem um papel importante para a formação do futuro digital da empresa na região. É um espaço colaborativo para conectar projetos e negócios, pessoas e áreas focados em inovação, digitalização e serviços.
No local, também estão concentradas as atividades do The Connectory Brasil, uma plataforma para impulsionar o desenvolvimento de soluções inovadoras e novos modelos de negócios por meio de parcerias com startups, universidades, institutos de pesquisa e outros, com foco principal em AloT. Além de Campinas, há uma unidade em Curitiba, desde 2019. O Connectory é uma rede global que está presente não apenas no Brasil, mas também em Chicago, Guadalajara, Stuttgart e Xangai.
Caminho para uma mobilidade segura e sustentável
A Bosch vem moldando o futuro da mobilidade com o desenvolvimento de tecnologias de vanguarda seguras, eficientes e sustentáveis nas áreas da eletrificação, híbrido-flex, conectividade, automação e redução de emissões, além de estar amplamente comprometida com a descarbonização.
Neste sentido, o Brasil está à frente de outros países por já ter uma matriz energética verde e renovável, ocupando posição de destaque mundial, e o etanol faz parte disso. Graças à tecnologia Flex Fuel – desenvolvida pela Bosch em meados dos anos 90 e que em 2023 completa 20 anos desde o lançamento do primeiro carro com o sistema no mercado – hoje é possível utilizar um biocombustível que atende as exigências de redução de emissões de CO2. “Temos orgulho de comemorar o marco dessa inovação 100% brasileira, que é sinônimo de economia, liberdade de escolha, versatilidade e respeito ao meio ambiente”, destaca Diaz Perez.
O executivo ressalta ainda que o etanol apresenta um balanço muito positivo de emissão dentro do conceito de medição do poço-à-roda (well-to-wheel) em comparação com outros tipos de combustíveis. “Por isso, a nossa visão é que o motor a combustão continuará nos próximos anos e o Brasil poderá ser o primeiro país a atingir as metas de descarbonização no mundo com a priorização do abastecimento com etanol. Isso abre possibilidades de que a região se fortaleça como um centro de competência global de sistemas e componentes, permitindo trazer negócios adicionais de exportação”, complementa Diaz Perez.
Mesmo com a ascensão dos carros elétricos em diversos países, a Bosch na América Latina continua atuando ativamente no aprimoramento de soluções para veículos movidos a etanol. Uma das novidades é CO2 Tracking – tecnologia de conectividade que monitora em tempo real as emissões do veículo e a opção do cliente pelo uso do etanol. O objetivo é estimar a quantidade de CO2 que deixou de ser emitida ao utilizar o etanol, quando comparado a outros combustíveis. Esta solução digital tem o objetivo de conscientizar e possibilitar o entendimento do consumidor sobre o impacto positivo ao escolher o etanol no que se refere à redução da pegada de carbono no uso do transporte individual ou em frotas.
Já no quesito segurança, mobilidade conectada e semiautônoma, a Bosch e a Mercedes-Benz investiram no CTVI – Centro de Testes Veiculares de Iracemápolis, no interior de São Paulo. Instalado em uma área de 400 mil metros quadrados, o CTVI conta com pistas projetadas para avaliações de segurança veicular, eficiência energética, novas tecnologias de assistência ao condutor, bem como testes com veículos autônomos, híbridos e elétricos. A infraestrutura com padrão internacional estará disponível para locação de fabricantes de veículos e componentes automotivos.
Soluções inteligentes e conectadas para o campo e mineração
Na América Latina, tanto o agronegócio como a mineração são áreas importantes de atuação da Bosch e suas vendas. No campo, os destaques são as soluções inteligentes e conectadas que proporcionam mais eficiência e produtividade aos agricultores, como a Solução de Plantio Inteligente Bosch e o Fertilizer, sistema retrofit para distribuição de fertilizantes em taxa fixa ou variável, visando uma utilização otimizada de insumos. Além do One Smart Spray, solução para a pulverização inteligente de herbicidas da joint venture entre Bosch e BASF.
Já na mineração, dentro do conceito de “smart mine” os pilares que norteiam o desenvolvimento de tecnologias com recursos de conectividade são segurança nos processos, redução de custos, bem como eficiência e produtividade. Dentre as soluções da Bosch para este setor estão o Smart Conveyor e Smart Lockout.
Investimentos e estratégia de longo prazo na América Latina
A Bosch está presente na América Latina desde 1924 e atualmente emprega cerca de 11.500 colaboradores que contribuem para que a região seja cada vez mais importante para o Grupo Bosch mundial. “Em 2010, sem considerar o Brasil, os demais países da América Latina eram responsáveis por cerca de 6% do faturamento da Bosch na região. Hoje esse número passou para 26%, ou seja, estamos crescendo fortemente na América Latina graças a nossa estratégia de expansão regional”, ressalta Diaz Perez. O desafio é elevar essa participação para 30% nos próximos anos.
Em 2023, a empresa planeja investir cerca de 290 milhões de reais na América Latina a fim de manter o desenvolvimento, a eficiência e a competitividade de suas unidades fabris. Para tanto, a empresa aplicará seus esforços na digitalização das linhas de produção do setor da mobilidade, em serviços de conectividade, gestão do ferramental industrial, na nacionalização de linhas deferramentas a bateria e com cabo, implementação de soluções de Indústria 4.0, novos projetos e softwares.
Vale ressaltar ainda que na América Latina, a Bosch investe anualmente cerca de 7% das vendas na região em P&D, inovação e digitalização para prover soluções tecnológicas para as áreas da mobilidade, agronegócios, mineração, indústria e tecnologia da informação.
Sustentabilidade dos negócios envolve ESG
Segundo dados da pesquisa Bosch Tech Compas 2023, realizada no Brasil e em outros seis países, há uma grande correlação entre o potencial econômico e soluções e produtos sustentáveis. Inclusive, 82% dos entrevistados acreditam que quanto mais uma empresa se compromete com tecnologias sustentáveis, mais sucesso econômico ela terá no futuro.
Esse resultado reforça o objetivo de sustentabilidade da Bosch na região que contempla seis pilares: proteção climática, água, economia circular, saúde e segurança, direitos humanos e promoção social e DEI (diversidade, equidade e inclusão). Para aplicar todos eles e unir esforços de diferentes frentes de trabalho dentro da corporação, bem como fortalecer ainda mais os objetivos, ações e mensuração de resultados, a Bosch na América Latina constituiu no último ano um comitê multidisciplinar para temas de ESG (Environment, Social and Governance), com abordagem interna e externa. Dentre exemplos de ações sustentáveis que são adotadas, estão redução do consumo de água e de geração de resíduos, bem como autogeração de energia solar fotovoltaica.
“Mais do que nunca, o tema sustentabilidade impactará as relações comerciais, de consumo e de geração de novas oportunidades de negócios e desenvolvimentos tecnológicos. Sabemos que a transparência é um dos pontos essenciais na agenda ESG, por isso, priorizamos realizar ações que gerem resultados efetivos e que possam ser comprovados em nossa cadeia de valor e para a sociedade, alinhados ao nosso propósito de tecnologia para a vida”, explica Diaz Perez.
Já no âmbito social, o Grupo Bosch no Brasil tem o Instituto Robert Bosch (INRB). Presente há mais de 50 anos país, o INRB impacta mais de 3.000 jovens com programas sociais próprios e em parceiras com ONGs, visando o desenvolvimento pessoal e profissional. “Esse é um outro tema que nos enche de orgulho. Considerando o total de jovens que participaram dos projetos apoiados pelo Instituto em 2022, 95% deles já estão atuando no mercado de trabalho. É um resultado incrível de fomento à educação profissionalizante e inserção social”, conclui Gastón.
Grupo Bosch: perspectivas para 2023 e rumo estratégico
Em 2022, a Bosch superou suas metas de vendas em um ano desafiador e aumentou as suas vendas totais para 88,2 bilhões de euros, a margem EBIT das operações subiu de 4% para 4,3%. “Enfrentamos bem os desafios de 2022 – nossas vendas e nossa margem foram maiores do que o esperado”, disse Stefan Hartung, presidente mundial da Bosch GmbH. Apesar dos efeitos colaterais da pandemia de Covid-19, a Bosch conseguiu aumentar suas vendas em 3,5% no primeiro trimestre de 2023. Ainda que as perspectivas econômicas sejam modestas, a empresa almeja um crescimento de vendas entre 6 e 9% para o todo o ano de 2023 e sua meta para a margem EBIT das operações, em 2023, está em torno de 5%. Mesmo que o ambiente econômico e social continue exigente, a Bosch quer crescer significativamente mais rápido nos próximos anos. “Nosso objetivo é crescer em todas as regiões do mundo e estar entre os três principais fornecedores em nossos mercados relevantes”, disse Hartung.
A luta contra as mudanças climáticas está causando uma grande reviravolta nos negócios e na sociedade, além de acelerar a mudança tecnológica. “Essa transformação tecnológica está abrindo oportunidades de crescimento que queremos aproveitar. Nesse contexto, nosso slogan ‘Tecnologia para a vida’ é ideal – não apenas quando se trata das principais tendências de eletrificação, automação e digitalização, mas mais do que nunca também no que diz respeito ao software e à inteligência artificial”, disse Hartung. A Bosch está respondendo à tendência de engenharia automotiva baseada em software, realinhando seu negócio de suprimentos automotivos: dentro empresa, a Bosch Mobility será gerenciada no futuro como um setor de negócios com responsabilidade por seu próprio negócio e sua própria equipe de liderança. O objetivo é ser capaz de atender às necessidades dos clientes novos e atuais de forma ainda melhor e mais rápida com soluções personalizadas de uma única fonte. O presidente da Bosch anunciou que o negócio de mobilidade, recém-reestruturado, deve crescer anualmente, em média, cerca de 6% até 2029, quando atingirá vendas anuais de mais de 80 bilhões de euros.