Por Marcelo Cavalcante
O crescimento no movimento das concessionárias desde a publicação da MP1175 aumentou em mais de 200%, mas os números de emplacamentos seguem abaixo do realizado no mês de maio.
A complexidade da MP1175 me lembra um antigo chavão, ¨para que facilitar seu eu posso complicar¨, seria muito mais simples reduzir impostos, mas fizemos um exercício de criar dificuldades, primeiro com anúncios antecipados, depois com demora para conseguir habilitar fábricas e modelos, depois com mudanças de regra para compras de PJ.
A logística dos refaturamentos e devoluções para fábricas está deixando os analistas mais experientes confusos, pois os números seguem com distorções em função de um atoleiro de vendas ainda não registradas.
A única lógica possível é fazer estimativas pelos créditos tributários destinados as marcas, mas cabe ressaltar que os números estão desatualizados, pois informalmente os recursos foram esgotados.
A regra de atribuição dos recursos também não é clara, pois a princípio pela MP1175, as montadoras teriam um aporte inicial de R$10 milhões após a habilitação ao programa, esses valores seriam acrescidos a medida que os valores fossem utilizados, na prática temos montadoras com valores muito distantes dos faturamentos e dos seus históricos de vendas para o varejo, ficam as perguntas, como esses aportes adicionais foram atribuídos e quando serão utilizados.
Sim fique tranquilo que eu também tenho as minhas projeções, que passarei a chamar de expectativas, os 420 milhões em créditos já utilizados nos meus cálculos podem atender entre 88 mil até 90 mil veículos, na teoria pelo que já foi faturado dos modelos elegíveis, descontando as versões que não se enquadram, temos mais de 40 mil veículos pendentes de faturamento, que não serão necessariamente registrados em junho, visto que o programa tem duração de 4 meses.
De qualquer forma uma coisa é certa, a falta de vendas para as locadoras vai gerar um desajuste nos estoques das montadoras, o que vai ocasionar paralisações de produção. Eu entendo que o programa tinha como objetivo alavancar as vendas para pessoas físicas, mas isso deveria ter ficado claro desde o início, pois as compras do setor de locação foram suspensas na esperança de obter os descontos, lembrando que o segmento reduziu suas compras desde o boato da MP.
Diante desse cenário para lá de confuso, segue os dados da parcial, o setor vendeu até ontem 123.814 unidades, esse volume representa uma queda de 5,07% em relação ao mês de maio.
Os dados atuais projetam vendas entre 170 mil até 185 mil unidades, mas tudo é um mistério nesse universo confuso gerado pela MP1175, portando poderemos ter surpresas no fechamento, espero que positivas, se o setor de locação conseguir comprar e emplacar o número poderá superar as expectativas, lembrando que setor comprou em 2022 quase 600 mil unidades, dando um média mensal de 50 mil veículos.