A Tupy, uma das maiores empresas de bens de capital do Brasil, especializada na fabricação de motores e geradores de energia, firmou uma parceria estratégica com a Seara Alimentos, parte do grupo JBS e uma das principais exportadoras de proteína animal do país. Juntas, as empresas estão desenvolvendo uma bioplanta voltada à produção de biometano, fertilizante organomineral e dióxido de carbono (CO2), utilizando resíduos da suinocultura e avicultura. Localizada na região de Seara, em Santa Catarina, a bioplanta receberá um investimento de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões, sendo totalmente operada pela Tupy, com sede em Joinville (SC).
Este projeto marca a terceira bioplanta da Tupy e deve ser concluído em 18 meses. A entrada da companhia no agronegócio, impulsionada pela aquisição da MWM, empresa especializada em motores e geradores elétricos, amplia as oportunidades de atuação da Tupy no setor.
O Brasil possui um potencial significativo ainda inexplorado para a produção de biometano. Com uma população estável de 23 milhões de suínos e 1,6 bilhão de aves de corte, atualmente menos de 3% do biometano possível é produzido a partir dos resíduos gerados. O aproveitamento total desse potencial poderia substituir até 70% do diesel consumido pela frota brasileira.
A nova bioplanta terá capacidade para atender cerca de 200 mil suínos e 1,7 milhão de aves de corte, beneficiando mais de 80 propriedades rurais de economia familiar na região. A operação criará uma nova cadeia de valor ao transformar resíduos em combustível renovável e fertilizante organomineral de alta qualidade, evitando a emissão de biometano na atmosfera.
Utilizando tecnologia desenvolvida por universidades brasileiras e pela Embrapa, a bioplanta funcionará em um circuito fechado de biodigestores, onde os resíduos são decompostos por bactérias anaeróbicas. Aproximadamente 4% do volume coletado será convertido em fertilizante organomineral, adequado para culturas como milho, soja, algodão e cana-de-açúcar.
A produção de biometano, com a mesma composição molecular do gás natural, permitirá seu uso em motores de caminhões, geradores de energia e motobombas, substituindo combustíveis fósseis como GLP e gás natural. Parte do biometano será convertida em energia elétrica por geradores fabricados pela MWM, para abastecer as operações da bioplanta.
O dióxido de carbono gerado terá várias aplicações industriais, incluindo a indústria de cosméticos e bebidas, além de ser utilizado em frigoríficos para anestesiar animais antes do abate. A Tupy projeta que a nova unidade criará 85 empregos diretos e indiretos.
Além deste projeto com a Seara, a Tupy está construindo outras duas bioplantas: uma em parceria com a cooperativa Primato, em Toledo (PR), e outra com a Granja Rancho da Lua, que processará resíduos de 500 mil aves de corte. Esses empreendimentos reforçam o compromisso da Tupy com a inovação e sustentabilidade no setor agroindustrial, promovendo soluções sustentáveis em larga escala.
Embora as projeções de receita ainda estejam em fase de refinamento, o potencial de crescimento é significativo, e a Tupy avalia as oportunidades de expandir esse modelo de negócio em todo o Brasil.