Comércio em São Paulo: Black Friday e vendas de fim de ano dão novo fôlego ao setor, mas condições atuais da economia ainda preocupam empresários

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FecomercioSP avalia que endividamento das empresas e aumento dos custos e das taxas de juros afetam confiança no cenário econômico

Indicadores produzidos pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) para avaliar a confiança empresarial na capital paulista apontaram uma retomada do otimismo, em setembro. No mês, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) exibiu ligeira alta de 0,6% em relação a agosto, enquanto o Índice de Expansão do Comércio (IEC) cresceu 2,2%, na mesma base de comparação.
 
A Entidade acredita que essa recuperação esteja relacionada à proximidade do último trimestre do ano, melhor período de vendas para o setor. Isso porque, embora tenha avançado pelo segundo mês consecutivo — atingindo 109,1 pontos em setembro [gráfico 1] —, o ICEC está 1% abaixo do patamar registrado no mesmo período do ano passado, quando marcava 110,2 pontos. Portanto, apesar de estar acima dos 100 pontos, indicando um sentimento de otimismo entre os empresários do varejo paulistano, uma análise mais ampla mostra um clima de preocupação quanto à conjuntura econômica atual. Vale lembrar que o índice varia de 0 a 200 pontos, apontando, respectivamente, insatisfação e satisfação total desse público em relação ao seu segmento, à sua empresa e à economia do País.
 
Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC), variável que compõe o ICEC, caiu 1,7% em comparação a agosto, atingindo 82 pontos. Na comparação anual, o recuo foi de 5,6%. Segundo a FecomercioSP, esse resultado está relacionado ao cenário de endividamento empresarial, aumento dos custos operacionais, valorização do dólar e taxas de juros em patamares elevados. Ainda que seja um bom momento para as vendas no Comércio, esses fatores pressionam as margens de lucro dos negócios.
 
Por outro lado, a disposição dos comerciantes para fazer novos investimentos e contratações atingiu o maior patamar desde dezembro de 2022. O Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC), outro indicador que faz parte do ICEC, subiu 1,4%, atingindo 104,9 pontos, impulsionado pelas contratações.  Na comparação anual, o IIEC exibiu elevação de 3,1%.  O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC), também componente do ICEC, por sua vez, registrou alta de 1,3%, passando para 140,4 pontos em setembro — mas na comparação anual, houve recuo de 1,1%.
 

[GRÁFICO 1]
ÍNDICE DE CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO DO COMÉRCIO (ICEC)
Série histórica (13 meses)
Fonte: FecomercioSP
 


Índice de Expansão do Comércio (IEC)
O IEC, índice que avalia a perspectiva dos empresários do setor quanto a contratações, compra de máquinas ou equipamentos e abertura de novas lojas, registrou a segunda alta consecutiva e o maior nível de confiança desde janeiro de 2023, atingindo 110 pontos em setembro [gráfico 2]. Em relação a setembro do ano passado, o indicador apontou alta de 2,5%. A FecomercioSP ressalta que esse resultado reflete o otimismo das empresas a respeito do cenário de ganho real de renda, da inflação moderada e de um mercado de trabalho aquecido, variáveis que têm estimulado o consumo e, consequentemente, o varejo a investir mais, principalmente em contratações.
 
O subíndice Expectativas para Contratação de Funcionários (ECF) atingiu 122,6 pontos, alta de 2,6% em comparação ao mês anterior, a maior pontuação desde novembro de 2022. O subíndice Nível de Investimento das Empresas (NIE), que mede a propensão dos empresários a investir em equipamentos, reforma e abertura de lojas, também subiu pelo segundo mês consecutivo — alta de 1,7%, chegando aos 97,3 pontos —, mas ainda se mantém no patamar de pessimismo, ou seja, abaixo dos 100 pontos.
 
Assim, a Entidade avalia que a retomada da confiança do empresário do Comércio está atrelada à chegada da melhor época para o setor. Os ganhos de renda, a inflação moderada e o mercado de trabalho aquecido geram expectativas positivas para as vendas de fim de ano, inclusive pela maior injeção de recursos do décimo terceiro salário. Entretanto, considerando o nível de endividamento desses negócios, o aumento dos custos operacionais desde a pandemia e as elevadas taxas de juros, a FecomercioSP recomenda uma certa dose de cautela na formação dos estoques, nas contratações e na elaboração de estratégias para o período.
 

[GRÁFICO 2]

ÍNDICE DE EXPANSÃO DO COMÉRCIO (IEC)
Série histórica (13 meses)
Fonte: FecomercioSP

Notas metodológicas
ICEC

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) contempla a percepção do setor em relação ao seu segmento, à sua empresa e à economia do País. São entrevistas feitas em painel fixo de empresas, com amostragem segmentada por setor (não duráveis, semiduráveis e duráveis) e por porte de empresa (até 50 empregados e mais de 50 empregados). As questões agrupadas formam o ICEC, que, por sua vez, pode ser decomposto em outros subíndices que avaliam as perspectivas futuras, a avaliação presente e as estratégias dos empresários mediante o cenário econômico. A pesquisa é referente ao município de São Paulo, contudo sua base amostral reflete o cenário da região metropolitana.
 
IEC 
O Índice de Expansão do Comércio (IEC) é apurado todo o mês pela FecomercioSP desde junho de 2011, com dados de cerca de 600 empresários. O indicador vai de 0 a 200 pontos, representando, respectivamente, desinteresse e interesse absolutos em expansão de seus negócios. A análise dos dados identifica a perspectiva dos empresários do comércio em relação a contratações, compra de máquinas ou equipamentos e abertura de novas lojas. Apesar de esta pesquisa também se referir ao município de São Paulo, sua base amostral abarca a região metropolitana. 



 
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.

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