Perspectivas do Setor de Autopeças: palestra de Cláudio Sahad no Seminário da Reposição aborda desafios e oportunidades

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Por: Carla Norcia

Durante o Seminário da Reposição Automotiva, Claudio Sahad apresentou uma análise abrangente sobre os desafios e oportunidades para o setor automotivo brasileiro no cenário de descarbonização. Ele destacou que o Brasil, com sua matriz energética diversificada e quase 50% de fontes renováveis, tem um papel de liderança a desempenhar no contexto global. Diferente do caminho trilhado por outros países, que se concentram na eletrificação, Sahad frisou que o está mais claro que Brasil não irá eletrificar totalmente, mas sim descarbonizar, aproveitando a diversidade de soluções que o país oferece, como os biocombustíveis e principalmente com ações de conscientizações para o uso do etanol.

Na apresentação, foi reforçado que o Brasil é um verdadeiro celeiro de soluções tecnológicas que podem atender à demanda global por uma indústria mais sustentável. Combustíveis alternativos, como biodiesel e etanol, continuam a ser protagonistas nesse cenário, fornecendo alternativas viáveis à eletrificação pura. Sahad destacou que, enquanto o mundo investe na eletrificação, o Brasil pode equilibrar essa abordagem com tecnologias que já são amplamente dominadas no país, ajudando a reduzir a emissão de carbono sem depender exclusivamente de baterias e veículos elétricos.

Um dos pontos centrais apresentados foi a competitividade do Brasil como um polo de produção e exportação de motores a combustão mais eficientes. Enquanto muitas regiões do mundo, como o Sudeste Asiático, Oriente Médio e África, continuarão demandando motores a combustão por muitos anos, o Brasil está estrategicamente posicionado para fornecer soluções flex e híbridas, especialmente veículos que utilizam biocombustíveis, consolidando sua posição como um player relevante no cenário global de descarbonização.

Além disso, destacou os fatores críticos para a projeção do cenário automotivo no curto e médio prazo. Entre eles, o Programa MOVER foi apontado como um dos principais motores para incentivar a modernização da indústria automotiva brasileira, promovendo investimentos em tecnologias voltadas à sustentabilidade e descarbonização. Também foi mencionado o plano de neoindustrialização, que visa posicionar o Brasil como um líder na inovação de processos produtivos, aproveitando sua infraestrutura e matriz energética verde.

No entanto, Sahad apontou desafios que ainda precisam ser superados, como o impacto da elevação da taxa de juros (Selic), que encarece o crédito e pode frear as vendas de veículos. A competitividade do Brasil frente à crescente presença de veículos elétricos chineses também foi destacada, ressaltando a necessidade de o país manter sua independência tecnológica e explorar soluções próprias.

A palestra de Sahad, ao contrário de promover a eletrificação como única solução, trouxe uma visão mais ampla sobre o futuro do setor automotivo brasileiro, baseado na descarbonização com soluções que melhor se adaptam à realidade local. O Brasil tem o potencial de não apenas liderar no desenvolvimento de tecnologias limpas, mas também de exportar seu conhecimento e produtos para mercados que ainda dependem de motores a combustão, mas que buscam eficiência energética e menores emissões. Assim, a diversificação das tecnologias e a aposta nos biocombustíveis tornam-se estratégicas para o país.

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