Por: Carla Norcia
No Seminário da Reposição Automotiva 2024, o deputado estadual Tomé Abduch apresentou a palestra “O Ambiente de Negócios no Brasil e o Desafio Político-Institucional Brasileiro”, explorando as principais questões que afetam os empresários brasileiros. A palestra focou nos impactos da reforma tributária e das eleições municipais, além de destacar as incertezas econômicas globais que influenciam o setor de reposição automotiva. Abduch enfatizou que, para superar esses desafios, as empresas precisarão adotar uma postura estratégica, equilibrando a inovação com uma capacidade de adaptação rápida às novas realidades do mercado.
Reforma Tributária e Eleições Municipais: Um Cenário de Incerteza
Abduch explicou que a reforma tributária, em tramitação no Congresso, tem potencial para simplificar o sistema tributário brasileiro, que é amplamente reconhecido como um dos mais complexos do mundo. No entanto, há incertezas sobre a implementação das novas regras e como isso afetará o setor de reposição automotiva. Este setor, vital para manter a frota nacional em circulação, depende de margens ajustadas, o que torna qualquer mudança fiscal uma questão crítica.
Além disso, as eleições municipais também foram destacadas como um fator relevante para o ambiente de negócios. A gestão local de infraestrutura, estradas e regulamentos urbanos afeta diretamente a logística de transporte de mercadorias. Segundo Tomé, as decisões políticas nas principais cidades brasileiras podem ter implicações significativas nas operações das empresas, reforçando a necessidade de um planejamento estratégico alinhado às mudanças políticas.
Perspectivas Econômicas Globais e Impactos no Brasil
Tomé Abduch também destacou os impactos das tendências econômicas globais no Brasil. Entre os principais riscos, ele mencionou a recuperação lenta da China, um dos maiores parceiros comerciais do Brasil. A dependência brasileira de importações de peças e componentes automotivos da China significa que qualquer desaceleração na economia chinesa afeta diretamente o setor de reposição. Além disso, o aumento dos riscos geopolíticos, como os conflitos internacionais, têm gerado incertezas sobre os custos e a disponibilidade de matérias-primas e produtos importados.
Outro ponto abordado foi o cenário de inflação alta e a recente queda dos juros no Brasil, que, embora ofereça algum alívio, ainda não resolve os desafios estruturais que as empresas enfrentam. A estabilização econômica interna, segundo Abduch, precisa ser acompanhada de políticas de incentivo e uma redução na insegurança jurídica para que o Brasil possa crescer de maneira sustentável.
Desafios e Riscos no Setor Automotivo
Abduch salientou que o setor de reposição automotiva enfrenta uma série de riscos adicionais, provenientes tanto do contexto local quanto global. Entre os principais fatores de preocupação estão a possível recessão nos Estados Unidos, que teria um impacto profundo nas exportações e na demanda global. Além disso, conflitos geopolíticos e crises sistêmicas de crédito representam obstáculos para as empresas brasileiras, que precisam lidar com o aumento do custo de financiamento e da insegurança nos mercados.
A queda gradual das taxas de juros no Brasil é um desenvolvimento positivo, mas Abduch alertou que o setor ainda precisa de maior estabilidade jurídica para poder fazer planejamentos de longo prazo e realizar investimentos significativos em modernização e expansão.
O Futuro e a Necessidade de Inovação
Uma das soluções apresentadas por Tomé Abduch foi a adoção de inovações tecnológicas no setor automotivo, como o uso de inteligência artificial (IA) e automação, que podem aumentar a eficiência operacional e reduzir custos. No entanto, ele reforçou que a inovação deve ser acompanhada de uma adequação às mudanças regulatórias e um planejamento estratégico para lidar com as oscilações do mercado.
As empresas brasileiras precisam ser ágeis e proativas, aproveitando as oportunidades tecnológicas, mas sem perder de vista as complexidades do ambiente regulatório e os desafios políticos. Segundo Abduch, as empresas que conseguirem equilibrar essas duas dimensões estarão melhor posicionadas para crescer, mesmo em um cenário global incerto.
As previsões econômicas globais, que mostram um crescimento modesto do PIB em 2024, reforçam a necessidade de adaptação e planejamento a longo prazo. Para o Brasil, garantir a modernização do setor automotivo e manter a competitividade no mercado global dependerá da capacidade de enfrentar esses desafios com resiliência e claro, com um governo que faça a parte que lhe cabe.
