Nos anos 80, usar o cinto de segurança no Brasil era raro e, em muitos casos, motivo de piada ou desconfiança. Motoristas e passageiros acreditavam que o acessório era desnecessário, confiando mais na própria habilidade ao volante do que em qualquer dispositivo de proteção. Era comum ouvir frases como “confia em mim, não precisa disso”, mostrando como o cuidado com a segurança no trânsito era negligenciado.
Essa realidade começou a mudar nos anos 90, quando o uso do cinto passou a ser obrigatório para motoristas e passageiros dos bancos da frente. A fiscalização ficou mais rigorosa, as multas começaram a pesar no bolso, e o comportamento das pessoas foi, pouco a pouco, se ajustando. Mas não foi só a ameaça de penalidades que fez diferença. As campanhas de conscientização, que mostravam de forma clara como o cinto salvava vidas e reduzia ferimentos graves, foram essenciais para que as pessoas entendessem a importância do acessório.
Com o tempo, o cinto de segurança deixou de ser visto como um incômodo e passou a representar cuidado e responsabilidade. O que antes era motivo de resistência acabou virando um hábito natural. Hoje, para a maioria dos brasileiros, colocar o cinto é quase automático – algo que se faz sem pensar duas vezes assim que entra no carro.
Outros itens de segurança também entraram na rotina dos motoristas. O kit de emergência, com triângulo de sinalização, macaco e chave de roda, tornou-se obrigatório e é presença certa no porta-malas. O extintor de incêndio, que durante anos foi exigido em todos os veículos, só recentemente deixou de ser obrigatório para carros de passeio, mas ainda é mantido por muitos motoristas como precaução. O kit de primeiros socorros, que também já foi obrigatório, acabou sendo retirado da lista de exigências legais, mas continua recomendado. Afinal, em situações de emergência, pode ser o primeiro passo para ajudar alguém até que o socorro profissional chegue.
Além disso, outras regras ajudaram a reforçar a cultura de segurança no trânsito. O uso do farol baixo durante o dia em rodovias, a cadeirinha obrigatória para crianças e o capacete para motociclistas também enfrentaram resistência no começo, mas hoje são práticas adotadas pela maioria. O que parecia exagero ou burocracia, aos poucos, foi entendido como medidas simples que fazem diferença na preservação de vidas.
Essa transformação mostra como o comportamento no trânsito foi evoluindo. O que antes era visto como imposição virou parte do dia a dia dos motoristas. Não se trata apenas de seguir regras para evitar multas, mas de adotar atitudes que mostram respeito pela própria vida e pela segurança de todos que dividem a estrada.