O segmento de Viagens Corporativas está vivendo a maior crise da sua história e quem viaja a trabalho está sentindo os efeitos. Todos os agentes dessa cadeia estão sendo profundamente impactados. Profissionais e empresas do setor estão correndo para tentar se adaptar a um mundo muito diferente. Sobram perguntas sobre o curto, médio e longo prazo.
Vamos fazer uma abordagem sobre o que mudou e ainda vai mudar na vida de quem viaja a negócios.
Desde o início da pandemia, estamos vivendo uma fase de incertezas, transtornos e perdas para todos. As grandes corporações cancelaram praticamente todas as suas viagens. Empresas menores e profissionais liberais aproveitaram alguns momentos de trégua para realizar suas viagens. Mas a grande maioria teve que cancelar ou adiar as suas viagens. Quem cancelou ainda não deve ter visto seu dinheiro de volta, pois o governo aprovou uma Medida Provisória dando o direito às empresas de turismo de fazer o reembolso em até 12 meses a contar da data do pedido do cancelamento. Quem optou por remarcar a viagem ainda não enxerga uma data segura para viajar.
Enquanto isso, prestadores de serviços estão fazendo o que podem para transmitir mais segurança aos viajantes. Hotéis apresentam seus protocolos de segurança como verdadeiros diferenciais, por exemplo: redução da ocupação máxima, maior uso das áreas externas, menor contato com pessoas no check-in, funcionários com máscaras e face shield, distanciamento de mesas, troca de serviço buffet para a la carte, limpeza reforçada (muitas vezes garantindo que o quarto está desocupado a pelo menos 24 ou 48 horas), álcool gel em todas as dependências e etc.
Aeroportos e cias aéreas vão na mesma linha. Além do filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air), que troca 99,9% do ar da aeronave a cada 3 minutos (https://economia.uol.com.br/todos-a-bordo/2020/05/24/flitro-hepa-aviao.htm), as cias aéreas também estão usando bastões de Luz Ultravioleta e Pistolas Eletrostáticas que geram uma névoa de produtos químicos que ficam suspensos no ar e atingem até os cantos mais remotos da aeronave, além de mudanças em seus procedimentos operacionais.
Estamos vivendo o pior momento da pandemia, portanto é difícil fazer projeções a curto prazo. Mas as vacinas estão aí, mostrando ótimos resultados, e mais cedo ou mais tarde as pessoas voltarão a trabalhar a todo vapor. É unânime entre os especialistas que o mundo não será o mesmo. Veja as principais tendências de transformações nas viagens corporativas:
– Maior burocracia nas viagens internacionais. Hoje a maioria das fronteiras estão fechadas para brasileiros, mas em breve começarão a reabrir. A abertura não será da noite para o dia e tudo indica que começará pelos vacinados.
– Passaporte de Vacinação ou Certificado de Saúde Digital
Algumas cias aéreas e cias de cruzeiros já anunciaram que só estão aceitando passageiros vacinados. Os governos estão buscando a reabertura de seus países pelo mesmo caminho. É um assunto polêmico e complexo pois há algumas barreiras legais, éticas e tecnológicas. Os principais questionamentos são: Seria legal negar a entrada de não vacinados? Seria correto expor dados de saúde à autoridades aeroportuárias? Há tecnologia para integrar as informações dos sistemas de saúde à esse Passaporte de Vacinação com segurança?
A resposta parece ser “sim” para todas as perguntas. Por mais que existam entraves que dificultem a implantação desse documento para viajar, já é possível enxergar que será exigido algum documento nesse sentido para se poder viajar. Podem sobrar dúvidas sobre quais vacinas serão aceitas, ou se será um documento impresso ou digital e etc, mas não restam dúvidas que essa exigência será feita no processo de reabertura em muitos lugares. Para saber como esse projeto está tomando forma na Europa, clique aqui (abrindo: https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/uniao-europeia-cria-passaporte-de-vacinacao-para-salvar-o-verao/). Projetos similares estão em andamento no mundo inteiro. Um documento que comprove a vacinação pode eliminar a necessidade de quarentena na chegada, que hoje é o maior entrave para a retomada do turismo internacional, disse ao The New York Times, Zurab Pololikashvili, secretário-geral da Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas.
Aliás, estar vacinado também poderá ser um requisito para frequentar espaços públicos e eventos. É uma forte tendência.
Aeroportos somente para quem vai viajar
Os saguões dos aeroportos sempre foram palco de despedidas e recepções emocionadas. Isso pode acabar em vários aeroportos porque o acesso de acompanhantes está sendo revisto.
Muitos aeroportos da Ásia já não permitiam a entrada de quem não tivesse Boarding Pass. A Espanha aderiu à mesma prática durante a pandemia do Coronavírus. Quando a demanda por viagens voltar, descobriremos se essa restrição será necessária para evitar que os aeroportos fiquem muito cheios.
Viagens a Trabalho misturadas com Lazer: Bleisure
Já é claro que mesmo após o fim da pandemia, muitas pessoas poderão trabalhar e estudar de casa – ou melhor, de qualquer lugar. Será possível por exemplo, que uma família passe um período viajando, sem que ninguém esteja de férias do trabalho ou da escola. Será muito mais fácil levar um familiar a um congresso ou uma viagem de negócios.
Na verdade, esse conceito de viagem já existia antes da pandemia e tem até um nome: Bleisure, com o “B” de Business seguido de Leisure (Lazer). É pouco provável que você já tenha ouvido esse termo, mas é muito provável que começa e a fazer Bleisure Travels daqui para frente.
É claro que é necessário uma dose extra de disciplina e algum planejamento para que não se perca o foco da viagem, mas diante das incríveis oportunidades que esse cenário apresenta, não será muito difícil se adaptar. O crescimento desse tipo de viagens já é uma realidade, mas ainda deve aumentar exponencialmente.
Reavaliação da necessidade de viajar e mudanças operacionais para reduzir as viagens corporativas
Se até o início de 2020 as empresas aprovavam viagens classificadas como “Importantes”, agora isso não é suficiente. Por algum tempo, as empresas só aprovarão viagem classificadas como “Imprescindíveis”. Antes de aprovar uma viagem, os gestores se farão algumas perguntas para se certificar de que a viagem realmente é essencial:
– Seria possível resolver o problema com uma vídeo-conferência?
– Seria possível resolver o problema enviando outro colaborador que esteja mais perto? As empresas já estão repensando a forma de alocar seu pessoal. O fator distância passa a ter um peso maior na decisão de quem vai ser o encarregado da missão.
– É necessário participar presencialmente de determinado evento? De um ano para cá as organizadoras de eventos evoluíram muito na realização de eventos digitais e eventos híbridos (presencial + digital) e continuarão oferecendo esses serviços pós pandemia, podendo angariar participantes sem que estes tenham que sair de casa. Está muito claro que o formato presencial tem muito mais poder de gerar resultados do que um evento digital. Não se pode comparar a força de uma feira ou congresso presencial com sua versão digital, mas mesmo assim, as versões digitais podem levar alguns participantes para o modo on-line, reduzindo o número de viagens. Organizadores de feiras entendem que o número de participantes em seus eventos devem levar pelo menos 2 anos para retomar os níveis de 2019, mas por outro lado espera-se que o público presente seja mais qualificado, mais focado em negócios, proporcionando maior eficiência por contato realizado. Mas isso é assunto para outro artigo…
Se cuide e até lá.