Em janeiro o setor de automóveis e comerciais leves vendeu 116.601 veículos, este resultado fica abaixo do volume realizado no ano de 2006, quando foram comercializados 125.845 unidades. Quando comparamos com o mês dezembro o segmento anota uma queda foi de 39,76%, na análise ano a ano a queda é de 28,28% e finalmente se compararmos com o período pré pandemia o recuo é de 38,87%.
Vários fatores podem contribuir para um resultado tão abaixo das projeções, entre eles destacamos a queda na produção de quase todas às montadoras, justificada pela escassez dos semicondutores e de outros insumos, mas saliento que ainda não temos acesso a produção de janeiro, dado que só será divulgado pela Anfavea no dia 07 de fevereiro.
A grande maioria dos concessionários tem longas filas de espera, principalmente nos comerciais leves e SUVs, alguns modelos tem tempo de espera superior a 6 meses, mas essa não é a regra para todas as versões, lembramos também que parte da produção dos comerciais leves são produzidos na Argentina.
Outros fatorem que contribuíram para um mês abaixo das expectativas foram as distorções dos estoques e a necessidade dos concessionários em fazerem vendas com margens que compensem os volumes, a estratégia de “sentar nos preços” não foi a melhor alternativa para o fraco mês de janeiro, o mercado já sente os reflexos da elevação dos preços e o aumento nas taxas de juros.
O mês poderia ser muito melhor se os fabricantes conseguissem atender a demanda, basta lembrarmos que somente as locadoras tem uma fila de espera superior a 150 mil veículos, a produção continua limitada pelas falta de componentes eletrônicos e pelo avanço dos casos de Covid.
A Anfavea divulgou no início de janeiro suas projeções para o setor automotivo, no segmento de automóveis e comerciais leves foi projetado um crescimento na produção de 9,4% e um aumento nas vendas de 8,4% para o ano de 2022.
É sempre bom destacar que todas as marcas de volume já garantiram grandes investimentos no Brasil para os próximos anos, somos o oitavo maior produtor mundial de autos e estamos entre os principais mercados do setor, temos uma indústria de transformação consolidada, que gera mais de um milhão de empregos, é o setor privado que mais investe no Brasil em P&D (pesquisa e desenvolvimento interno), o fortalecimento do setor é estrategicamente fundamental para o desempenho da nossa economia.
MERCADOS GLOBAIS E NOTÍCIAS RELEVANTES.
A National Automobile Dealers Association divulgou na última semana suas projeções para as vendas de veículos leves nos Estados Unidos, sua estimativa de crescimento para o mercado interno é de 3,4%, aproximadamente 15,5 milhões de veículos.
A maioria dos grandes mercados tiveram suspensões de produção no mês de janeiro em função da escassez dos semicondutores e do avanço de casos de Covid, a Ford suspendeu parcialmente sua produção nos EUA em sua unidade de Michigan, a Stellantis suspendeu a produção nos EUA em sua fábrica da Chrysler em Windsor (Ontário), a Toyota e a VW paralisaram a produção na China por vários dias por conta do avanço dos casos de Covid, no Japão Toyota e Honda paralisaram a produção pela falta de componentes e por restrições da pandemia.
Hoje a Itália e a Espanha divulgaram os resultados do setor. Na Itália as vendas de automóveis e leves totalizaram 107.814 unidades, registrando uma queda de 34,60% na comparação com o período pré pandemia, na Espanha foram vendidos em janeiro 42.337 veículos, esse volume fica 54,70% abaixo do realizado no período pré pandemia (janeiro/2019).
No gráfico abaixo podemos analisar como foram as vendas em 2021 nos principais mercados mundiais, a maioria dos países foi impactada pela escassez dos semicondutores e outros insumos, a LMC Automotive projetou que o mercado Global de Autos e Leves deverá crescer 6,2% em 2022, outros estudos apontam que só deveremos atingir a produção de 2019 no ano de 2024.
RANKING DE MARCAS FECHAMENTO DE JANEIRO 2022.
A Fiat confirma seu domínio e inicia o ano mais uma vez na liderança, a marca italiana encerrou o mês com 23.299 veículos e com uma participação de mercado de 19,98%, quase o dobro da segunda colocada. Seu volume total registrou uma queda em relação ao mês de dezembro de 34,29%, na comparação ano a ano seu recuo foi de 24,57% e quando analisamos com o período pré pandemia sua queda é de 10,95%. Suas vendas no varejo tiveram uma participação de 57,98%, seu modelo mais vendido foi a Strada, que também lidera o ranking de modelos, a Toro ficou na 10.ª posição e seu lançamento o Pulse na 11.ª colocação.
A GM por uma diferença mínima ficou com a segunda posição, a marca americana que encerrou 2021 com seu pior resultado, não tem um bom início de ano, suas vendas totais anotam uma queda em relação ao mês anterior de 50,76% e um recuo de 63,81% na comparação com o período pré pandemia. Seu modelo mais vendido foi o Onix, ficando com a 3.ª posição no ranking, mesmo com a saída das versões Joy e Joy Plus o modelo consegue um bom volume, mas fica distante da liderança.
A VW fecha o trio dos mais vendidos, a marca alemã depois de 40 dias retorna a produção de sua unidade de Taubaté, mesmo assim com apenas um turno, a previsão para o retorno pleno está prevista para o mês de abril, mas pode ser postergada. Seu volume de vendas em janeiro foi de 13.086 unidades, anotando uma queda em relação ao mês de dezembro de 50,76% e um recuo de 53% na comparação com o período pré pandemia.
O destaque entre as dez marcas mais vendidas fica com a 8.ª posição da Peugeot, a marca registra um crescimento de 16,46% em relação ao mês anterior e cresce 162,04% na comparação ano a ano.
A Jeep na 4.ª posição também surpreende pelos seus indicadores, seu volume de vendas cresceu 27,41% em comparação com o mesmo período pré pandemia.
As marcas Premium que tiveram um bom desempenho em 2021, tem um início de ano com indicadores negativos, o baixo volume de estoques e políticas comerciais pouca agressivas justificam parcialmente o resultado, a BMW liderou as vendas de janeiro com 656 unidades, seguida Audi com 470 e a Volvo com 445.
Concessionários e fabricantes sabem que o ano não será fácil, além da crise da escassez de semicondutores, temos ainda um cenário interno de eleições, pressão de custos e altas nos juros, a demanda vai continuar no primeiro semestre a ser maior que a oferta, o que é uma péssima notícia para os consumidores, pois os preços seguem em alta e as políticas comerciais ficam favoráveis apenas para uma das partes. De qualquer forma o resultado de janeiro ainda vai render muitas análises, principalmente após saírem os dados da indústria.
RANKING DE MODELOS DE AUTOMÓVEIS E COMERCIAIS LEVES
No ranking de modelos a Fiat/ Strada segue na liderança, suas vendas anotaram uma queda de 25,87% em relação ao mês de janeiro, a modalidade varejo representou apenas 32,24% das vendas totais enquanto as vendas diretas participaram com 67,76%.
Na segunda posição temos o Hyundai HB20, o hatch segue com excelentes resultados desde o seu lançamento, destacando que o modelo é líder no segmento de automóveis, nem mesmo as críticas do ao seu novo design afetaram suas vendas, o modelo agradada seus consumidores principalmente pela qualidade e confiabilidade, suas vendas estão concentradas 62,42% no varejo.
O Onix completa o trio, suas vendas anotam uma queda em relação ao mês anterior de 54,85%, o encerramento da produção das versões antigas Joy e Joy Plus deve distanciar temporariamente o modelo da liderança, essas versões tinham como público principalmente as locadoras.
Temos na 4.ª, 5.ª, 6.ª, 7.ª, 11.ª um monte de SUVs, a liderança nesse sub segmento está com o Jeep Renegade, seguido pelo Jeep Compass e fechando o trio temos o Hyundai Creta.
VENDAS VAREJO E VENDAS DIRETAS
A modalidade de vendas no varejo participaram com 57,80% das vendas totais, foram comercializados 67.385 unidades, quando comparamos com o mesmo período do ano anterior o varejo registra uma queda de 32,09%.
A líder no varejo foi a Fiat, com 13.508 unidades vendidas, anotando uma queda de 3,81% na comparação com janeiro de 2021, a Hyundai foi a segunda marca mais vendida no varejo, com 8.934 unidades. As maiores quedas no varejo foram da GM com um recuo 57,10% e a VW com uma queda 49,50%.
Os destaques na modalidade ficam com o excelente desempenho da Fiat e o crescimento da Jeep QUE, sendo a única marca de volume a anotar crescimento no varejo nesse início de ano.
O atacado, ou como também é conhecido vendas diretas, realizou em janeiro 49.206 veículos, sua participação foi de 42,80%, na comparação com o mesmo período do ano anterior o atacado registrou uma queda de 22,29%.
As vendas no atacado foram lideradas também pela Fiat, com 9.791 unidades, na comparação com o ano anterior a marca registrou uma queda de 41,89%, a segunda posição ficou com a Jeep com 8.232 vendas.
A maior queda entre as marcas de volume no atacado foi da VW, anotando 52,27% de recuo na comparação ano a ano.
O destaque no atacado fica com a Peugeot, a marca anotou um crescimento de 243%, o grande volume de emplacamentos em Minas Gerais demonstra direcionamento das vendas para o setor de locação.
VENDAS POR ESTADOS
O Estado de São Paulo que encerrou o ano de 2021 na segunda posição, retorna à liderança. Foram vendidos em janeiro de 26.665 unidades, na comparação com janeiro de 2021 as vendas anotam uma queda de 29,30%, quando comparamos com dezembro a queda é de 28,34%. Destacamos que São Paulo aumentou as alíquotas de impostos para o setor automotivo o que propiciou no ano anterior uma evasão de emplacamentos e a perda histórica da liderança. O modelo mais vendido para os paulistas em janeiro foi o Onix com 2.196 unidades, seguido pelo HB20 com 2.186 unidades e fechando o trio o Renegade com 1.964 veículos.
Minas Gerais como todos já sabem é o Estado que concentra o maior volume dos emplacamentos das locadoras, em 2021 foi o líder de vendas no Brasil superando São Paulo, no mês de janeiro a falta de disponibilidade limitou as vendas para o setor de locação, sendo assim os mineiros começam o ano na tradicional segunda posição, suas vendas registram uma queda em comparação com o mês anterior de 52%. O modelo mais emplacado no Estado foi o Jeep/Renegade com 2.230 unidades, seguido pela Fiat/Strada com 2.131 veículos e fechando o trio o Fiat/Mobi com 1.893 autos.
O Paraná fecha o tradicional trio da liderança, mas encerra janeiro com uma queda de 50,38% em relação ao mês anterior, o modelo mais vendido para os paranaenses foi o VW/Gol com 861 unidades, seguido pela Strada (741) e fechando com o Onix (719).
Não tem destaque positivo nas análise das vendas por Estados, de uma maneira geral todos foram afetados pelo fraco desempenho de janeiro.
Agora vamos aguardar dados da Anfavea para outras análises e torcer para que fevereiro seja um mês de destaque.
Boas vendas e uma ótima leitura.