Esforço dos setores público e privado pode levar a uma redução de 280 milhões de toneladas de CO2 nos próximos 15 anos
Veículos leves eletrificados responderão por 39% a 54% das vendas em 2030 no país, podendo chegar a 78% em 2035 e 91% em 2040
Veículos pesados com novas tecnologias serão de 15% a 24% em 2030, podendo atingir 42% do mix em 2035 e 59% em 2040
Motores flex e a diesel ainda serão maioria na frota circulante em 2035, o que aumenta a importância dos biocombustíveis para reduzir emissões de CO2
Só veículos 0km mais limpos não bastarão para reduzir radicalmente as emissões. Políticas de inspeção veicular e renovação de frota são mandatórias
A ANFAVEA e a consultoria contratada Boston Consulting Group apresentaram hoje o novo estudo intitulado “Avançando nos Caminhos da Descarbonização Automotiva no Brasil”. Trata-se de mais uma
contribuição da entidade e do setor para a COP, que será realizada este ano no Azerbaijão e no ano que vem em Belém, no Pará.
Atualmente, o setor automotivo emite 242 milhões de toneladas de CO2 por ano, o que representa cerca de 13% das emissões totais do Brasil. Se o ritmo atual de crescimento for mantido, as emissões poderão atingir 256 milhões de toneladas em 2040.
No entanto, o estudo ANFAVEA/BCG demonstra que, ao se intensificar o uso das novas tecnologias de propulsão desenvolvidas pelos fabricantes de veículos nacionais, combinadas com a maior utilização de biocombustíveis, pode-se obter uma redução de até 280 milhões de toneladas de CO2 nos próximos 15 anos.
Esse avanço envolve o desenvolvimento de um ecossistema abrangente, que inclui a cadeia de fornecedores, infraestrutura de recarga, geração e distribuição de energia, além da produção de biocombustíveis.
Como consequência deste cenário, a venda de veículos híbridos e elétricos leves pode ultrapassar a de veículos a combustão até o fim desta década, atingindo 1,5 milhão em 2030, podendo representar mais de 90% em 2040.
Já para o segmento de veículos pesados, as vendas com novas tecnologias de propulsão podem representar 60% em 2040. Em aplicações como ônibus urbanos, as versões elétricas podem ultrapassar 50% já em 2035.
“O estudo demonstra o papel que o setor automotivo está desempenhando no desenvolvimento de tecnologias rumo à descarbonização, oferecendo soluções que não apenas atendem às necessidades de mobilidade, mas que também reforçam o compromisso em promover uma significativa redução das emissões de gases de efeito estufa, beneficiando a sociedade como um todo e as futuras gerações”, concluiu Márcio de Lima Leite, Presidente da ANFAVEA, ressaltando que os efeitos danosos da crise climática bateram à nossa porta neste ano, com inundações sem precedentes no Rio Grande do Sul, seca histórica e queimadas que atingiram todo o país.
“O Brasil tem grande potencial para combinar tecnologias automotivas inovadoras com a força dos biocombustíveis para acelerar a descarbonização do setor. Este avanço está condicionado ao desenvolvimento de um ecossistema envolvendo fornecedores, infraestrutura de recarga, produção e distribuição de energia e biocombustíveis, representando importantes investimentos ao longo dos próximos anos e décadas”, comenta Masao Ukon, diretor executivo, sócio e líder da prática
automotiva na América do Sul do BCG.
Impactos na cadeia automotiva
Se hoje os modelos eletrificados respondem por pouco mais de 7% do mix de vendas de leves, em 2030 eles representarão de 39% a 54%, dependendo dos cenários previstos no estudo, e de 32% a 62% em 2035. Os pesados também terão sua parcela de novas tecnologias, embora um pouco menor (15% a 24% do mix em 2030, 335 a 42% em 2035). Até 2040 poderemos chegar no país a 86%-91% de leves e 44%-59% de pesados.