Entidade, que já havia pedido debate, quer ter acesso aos estudos sobre troca de modal de transporte
O Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários, o Simefre, protocolou junto ao governo do estado de Mato Grosso, um pedido formal para acessar as informações sobre os elementos que guiaram a decisão do Executivo pela troca do modal de mobilidade urbana na Grande Cuiabá, de VLT para BRT. A entidade procura, na prática, ter acesso aos estudos contratados pelo Estado, pois, até o momento, não foram esclarecidos nem esmiuçados para a população.
No final de janeiro, diversas entidades que representam a indústria e os serviços de mobilidade, transporte urbano de passageiros e engenharia no País, fizeram uma Carta Manifesto em defesa dos interesses nacionais e da sociedade para expressarem preocupação com o ato do Governo do Estado de Mato Grosso, que sem estudos técnicos suficientes, decidiu de forma simples e equivocada mudar o modal de transporte de passageiros entre Cuiabá e Várzea Grande, de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para BRT (Bus Rapid Transport).
Comparando a visão do Governo que orientou essa mudança, com a visão técnica do setor metroferroviário, baseada nos fatos e sustentada por estudos e projetos, concluiu-se justamente pelo oposto, ou seja, que não há elementos técnicos suficientes que justifiquem a alteração do modal. E que, no melhor interesse público e benefício da sociedade, no menor prazo possível, as obras do VLT deveriam ser concluídas. Um estudo contendo comentários ponto a ponto à apresentação do Governo do último 21 de dezembro, pode ser acessado aqui.
O Manifesto tornou explícito aspectos técnicos que não foram abordados para provocar, então, um debate mais democrático, aberto e esclarecedor, com audiências públicas que permitissem a discussão, posicionamento e demonstração da melhor solução, a bem da verdade e do interesse da população.
Algumas razões onde se evidencia que o VLT é a melhor alternativa para Cuiabá – Várzea Grande:
– Melhor interesse público;
– Menor custo para conclusão das obras;
– Menor tempo para implantação;
– Licenças Ambientais, autorizações, projetos básicos e executivos, demais documentos necessários, já existentes;
– Melhor forma de contratação, com investimentos majoritariamente privados (PPP);
– Menor tempo para publicação de edital de licitação. Primeiro trecho já está praticamente pronto, basta dar andamento;
– Menor risco. Projeto executivo existente e parcialmente implantado;
– Material rodante já adquirido, entregue e pronto para entrar em operação;
– Maior velocidade operacional pois dispõe de menor tempo de carregamento nas estações (portas mais largas), via – dedicada (sem interferências), sistemas operacionais que automatizam e otimizam sua operação, como por – exemplo o sistema de priorização semafórica;
– Menor custo operacional, pelo menor número de condutores, pois carrega mais passageiros por unidade (trem);
– Cabines nas extremidades do VLT facilitam a inversão de sentido nos pontos terminais, enquanto os BRTs – necessitam de grandes áreas para manobras, o que implica em mais desapropriações;
– Sistema estruturante, integrado e abastecido por outros modais;
– Os sistemas VLT são conhecidos como indutores de transformações urbanísticas, melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento socioeconômico, como ocorreu, por exemplo, no Brasil: Rio de Janeiro e Santos, ou em praticamente todas as 200 cidades em que foi mundialmente implementado, a exemplo de: Bilbao, Zaragoza, Sevilha e tantas outras.
Além do exposto, o projeto do VLT Cuiabá-Várzea Grande está em fase avançada enquanto o do BRT é ainda preliminar, sem estudos definitivos, projetos básicos, executivos, licenças ambientais, o que torna impossível avaliar a alternativa BRT corretamente e, menos ainda, compará-la com o VLT.
As entidades solicitaram, por inúmeras vezes, uma audiência com o governador para abordar todos os aspectos técnicos e tentar dissuadí-lo em tomar medidas neste sentido. Em respeito à engenharia, aos estudos nacionais e internacionais, aos projetos de sucesso já implantados, aos procedimentos administrativos e legais, às portarias interministeriais que norteiam o setor, aos recursos públicos já investidos, aos contratos de financiamento público em curso, foi proposto um amplo debate público para que a verdade viesse à tona e com ela se esclarecesse que a decisão correta para o caso seria terminar a obra do projeto LT Cuiabá-Várzea Grande.