Marcelo Martini

Busca por eficiência energética e redução de emissões devem reger o mercado de reposição em 2025

6 minutos de leitura

Por Marcelo Martini

Apesar dos desafios impostos por fatores econômicos, como juros elevados, desvalorização cambial e a dificuldade de acesso ao crédito, o mercado de reposição automotiva no Brasil se mantém resiliente, projetando, para 2024, um crescimento de 8% em comparação ao ano de 2023, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). A entidade reviu sua previsão de faturamento, passando de R$ 247,7 bilhões para R$ 259,1 bilhões em 2024, o que demonstra o potencial de evolução do segmento. Em meio a essa conjuntura, a frota brasileira, cada vez mais envelhecida e diversificada, segue como um elemento chave para as transformações e oportunidades do setor.

Com uma idade média que ultrapassa 11 anos para automóveis e 12 anos para veículos comerciais pesados – de acordo com dados da Sindipeças, a frota nacional evidencia o fato de que os consumidores estão mantendo seus veículos por mais tempo, priorizando manutenções preventivas e corretivas em vez da aquisição de novos modelos. Esse comportamento reflete o contexto econômico e reforça a relevância do mercado de reposição, que se consolida como um propulsor na manutenção da mobilidade e da economia do país.

Entretanto, a complexidade desse cenário é amplificada pela diversificação da frota. Atualmente, mais de 22 mil modelos de veículos circulam pelas ruas brasileiras, segundo levantamento recente da Fraga Inteligência Automotiva, o que impõe desafios significativos a fabricantes, distribuidores e, principalmente, oficinas e reparadores.

Desta maneira, a gestão de estoques e a acessibilidade a peças tornam-se cada vez mais críticas, demandando estratégias mais eficientes e integradas. Para as oficinas, o investimento em tecnologia e capacitação não é apenas desejável, mas indispensável. Ferramentas como scanners modernos e softwares de diagnóstico avançado já não são diferenciais, mas requisitos para acompanhar a evolução dos veículos, que a cada ano incorporam mais tecnologias embarcadas e conectividade.

Como a busca pela eficiência energética e redução de emissões impacta o setor?

A busca por eficiência energética e redução de emissões de carbono está direcionando o desenvolvimento de produtos mais avançados, como os lubrificantes de baixa viscosidade, já comuns em veículos novos. Enquanto viscosidades como 0W-20 e 0W-40 começam a se consolidar no Brasil, mercados internacionais como Europa e Japão já operam com opções ainda mais avançadas, como 0W-16 e 0W-08. Essa tendência, impulsionada por regulamentações ambientais mais rigorosas e pela pressão por sustentabilidade, deverá moldar as escolhas dos consumidores e as estratégias dos fabricantes nos próximos anos.

Ao mesmo tempo, a eletrificação da frota brasileira, embora tímida, continua avançando. No entanto, a infraestrutura limitada para recarga, especialmente em trajetos de longa distância, ainda é um obstáculo significativo para a popularização dos veículos elétricos. Por outro lado, a tecnologia híbrida apresenta-se como uma solução mais viável e alinhada às condições do país, combinando a praticidade e a necessidade de ampliar a eficiência energética. Isso cria um ambiente dinâmico no mercado de reposição, que precisará lidar simultaneamente com as demandas de uma frota tradicional e de uma frota em transição para tecnologias mais modernas e sustentáveis, trazendo desafios às oficinas para se adaptarem a essa nova realidade.

Conectividade e tecnologias embarcadas exigem não apenas novas ferramentas, mas também uma constante atualização de conhecimento por parte dos reparadores. Esse é um ponto fundamental para garantir a competitividade do reparador independente, que desempenha um papel fundamental na manutenção da frota brasileira.

No entanto, o avanço da sustentabilidade vai além da eletrificação. Tecnologias de descarbonização, novos combustíveis e motores mais eficientes estão na pauta de desenvolvimento da indústria automotiva. O mercado de reposição, como elo final dessa cadeia, precisará se alinhar a essas demandas, oferecendo soluções que atendam tanto às necessidades de veículos modernos quanto às de uma frota que ainda terá muitos anos de circulação.

Olhando para 2025, é evidente que o mercado de reposição automotiva enfrentará um cenário de transformações. Entretanto, o histórico de resiliência aponta para um futuro promissor, levando em consideração a capacidade de adaptação às mudanças, somada à inovação e à busca por eficiência, que, certamente, será determinante para que fabricantes, distribuidores e reparadores mantenham sua relevância em um mercado de reposição cada vez mais competitivo e dinâmico.


Marcelo Martini é Gerente de Vendas do Aftermarket da FUCHS, fabricante independente de lubrificantes e produtos relacionados do mundo

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