O CONAREM, Conselho Nacional de Retíficas de Motores, reuniu mais de 250 pessoas, no Congresso Internacional de Retíficas, realizado dentro da Automec, no dia 28 de abril, onde apresentou para os retificadores os assuntos relacionados à Aliança Aftermarket Automotivo Brasil e o movimento Right to Repair, Campanha Setorial, Tecnologia e Emissões de CO², Capacitação Profissional, Moldando o Futuro da Mobilidade e economia, bem como trouxe alguns lançamentos da feira. “Ao captar as demandas nas plenárias e com o auxílio do planejamento estratégico, realizado pelo Sebrae, identificamos o desafio de superar a escassez de mão de obra no setor de retíficas. Por isso, resolvemos lançar o primeiro curso & agrave; distância para alcançar as diversas regiões do País com o SENAI”, afirmou José Arnaldo Laguna, presidente do CONAREM. Para isto, foi desenvolvida uma campanha setorial com a Insight Trade e apoio das empresas Actioil, Kolbenschmidt, Mahle, MWM, Riomaq, Riosulense, Sabó, Takao. A primeira fase da campanha destacou a importância do motor por terra, mar e ar; depois ressaltou a relevância do retificador e na terceira fase foi para despertar no jovem a carreira de retificador. “Com isso, já temos mais de 26 mil inscritos no curso. Agora, o foco será cursos de montagem e na formação de um tutor para ficar dentro da retífica”, comentou.
Aliança Aftermarket Automotivo e o movimento Right to Repair – O palestrante Sérgio Alvarenga explicou que a Aliança Aftermarket Automotivo Brasil é uma união voluntária de entidades que atuam direta e indiretamente no mercado de reposição automotiva, que compreende, além do CONAREM, o SINDIREPA BRASIL (Associação das Entidades e Empresas de Reparação de Veículos no Brasil), SINCOPEÇAS BRASIL (Associação Nacional dos Sincopeças do Brasil), ANDAP (associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças), ASDAP (Associação Sul-Brasileira dos Distribuidores de Autopeças), ANFAPE (Associação Naciona l dos Fabricantes e Comercializadores de Autopeças) e AFER (Aliança dos Fornecedores de Equipamentos para Reparação Automotiva). “A Aliança tem como objetivos a garantia do direito de escolha pelo consumidor de onde quer reparar, a equalização do design de propriedade industrial de autopeças, acesso ao diagnóstico para fabricantes de equipamentos, combate ao mercado ilícito de autopeças em plataforma e-commerce e Inspeção Técnica Veicular”, comentou Alvarenga, ressaltando que os indicadores, como os números de empresas, 194.938, e empregos, 1.580.000, que envolvem estas entidades, mostram a potência do setor e juntos podem alcançar os objetivos.
Motorservice contribui para redução emissão de CO2 – A Tecnologia e Emissões de CO² foi o tema apresentado por Eder Gazola, da Motorservice, organização de vendas da Rheinmetall, responsável pelas marcas premium Kolbenschmidt, Pierburg e BF. “O que nos leva a desenvolver tecnologias para reduzir as emissões de CO2 é o aquecimento global. Está muito em pauta a eletrificação e muitos se preocupam com o fim do motor a combustão, mas é preciso se atualizar para repará-los, pois existirão por muito tempo”, comentou Gazola, ressaltando que há grandes desafios a serem superados para chegar à eletrificação, como a infraestrutura, disponibilidade energética, elevados custos e necessidade de qualificação.
Disse que, independente da tecnologia do motor, o Grupo Rheinmetall contribui com componentes para todas elas. Citou diferentes tipos de acionamentos – combustão, híbrido paralelo, híbrido Plug-in, híbrido em série, com bateria elétrica e com célula de combustível.
Destacou algumas das contribuições da Rheinmetall para diminuição da emissão do CO2, entre elas, bomba de óleo variável, bombas de água variáveis + elétricas, tribologia dos sistemas, válvula de variação de comando, sistema elétrico EGR e peças de design leve, como a mola de suspensão em fibra de vidro, que são até 75% mais leves que as convencionais de aço e pode ser utilizada em veículos de última geração. Também conta com linha de produtos para os veículos elétricos, como a bomba de refrigeração elétrica CWA 950, bombas de água elétricas inteligentes, pack de bateria, unidade de tração elétrica, compressor elétrico de climatizaç&a tilde;o (eCC), entre outros componentes.
Lançamentos RIO – Natália Vasconcelos, gerente comercial da RIO, apresentou lançamentos da empresa: bronzinas, parafusos de cabeçote, juntas para motor, kit de distribuição e ampliação do eixo de comando para linha diesel. Também conta com kit válvula (guia, sede e válvula), kit válvula + mola e kit comando (eixo de comando, tucho hidráulico, balancin e escora).
Victor Reinz: linha de soluções de vedação da Dana – Luiz Reis, gestor de produtos da linha motores da Dana, falou sobre a Victor Reinz, marca da empresa para soluções de vedação – jogos de juntas, juntas de cabeçote e individuais, retentores, parafusos de cabeçote e compostos químicos. Citou os três tipos de juntas de cabeçote: soft – fibra, para motores mais antigos; MLS Multi Camada, para motores de leves mais modernos; e metal-borracha, ideal para motores de pesados. Destacou que os retentores em PTFE são resistentes a altas temperaturas e a agentes químicos e a montagem é sem óleo. Recomendou o usar sempre parafusos de cabeçote novos e finalizou comentando sobre o selante Reinzosil, resistente a elevada s temperaturas (até 320ºC) e a óleos minerais e sintéticos e com maior prazo de validade (24 meses). Para mais informações podem ser acessadas https://www.victorreinz.com.br/BR/Home.aspx.
Lançamento plataforma de inclusão de talentos – “O site vagasautomotivas.com.br é a primeira plataforma para conectar as empresas que contam com vagas no setor com as pessoas que buscam trabalho no segmento automotivo”, ressaltou Carla Norcia, da Insight Trade. Programa inovador do Conarem, tem objetivo de integrar profissionais de todo o País. Os interessados podem acessar no https://jobs.quickin.io/vagasautomotivas.
SENAI dá continuidade a projeto de capacitação do setor – O professor Ricardo Terra, diretor regional do SENAI-SP transmitiu tranquilidade aos retificadores com relação a escassez de mão de obra no setor. “O SENAI está com os retificadores para atendê-los, estivemos presente em vários desafios originados nas mudanças ocorridas no setor automotivo. Desde a Rural, Fusca até a chegada da injeção eletrônica, passamos por diversas transformações, novas ferramentas, novos diagnósticos e juntos chegamos aqui”, comentou.
Após apresentar o SENAI, Terra reconheceu o esforço e trabalho do CONAREM para suprir a escassez de mão de obra no setor e atender essa demanda em todo o País. O curso online e gratuito já alcançou mais de 26 mil inscritos e possui 7 módulos: Características Técnicas de Motores a Combustão Interna; Metrologia Aplicada a Motores de Combustão Interna; Técnicas de Retífica de Biela de Motores a Combustão Interna; Técnicas de Retífica de Bloco de Motores a Combustão Interna; Técnicas de Retífica de Virabrequim de Motores a Combustão Interna; Técnicas de Retífica de Volante de Motores a Combustão Interna e Técnicas de Retífica de Cabeçote de Motores a Combustão Interna. A página com os sete cu rsos online gratuitos do SENAI-SP para Retificadores, é https://online.sp.senai.br/institucional/3722/3840/cursos-gratuitos. “Estamos desenhando a continuidade do projeto com sistema dual – parte do curso online e parte prática, dentro da própria empresa”, disse. O primeiro curso com este sistema dual será o de montagem e está previsto para o segundo semestre.
Mahle destaca tendências sobre o futuro da Mobilidade – O engenheiro Everton Lopes da Silva, diretor de tecnologia e responsável pelo Tech Center da
Mahle Metal Leve para a América do Sul, apresentou algumas megatendências globais que estão guiando as novas tecnologias da indústria automotiva, entre elas, a economia não fóssil, a volatilidade econômica, a digitalização e o Metaverso, a urbanização (megacidades), e a sustentabilidade e seus impactos – eletrificação, maior volume de softwares nos veículos, direção autônoma, mobilidade como serviço e energia de baixo carbono. Mas, lembrou: “Cada região tem sua característica e que a política energética determina a rota tecnológica”.
No Brasil, os direcionadores tecnológicos são: legislação, Rota 2030 com as reduções de emissões de gases de efeito estufa; Proconve e a saúde pública, com reduções de emissões de gases nocivos; Renovabio e energia renovável; Programa de Combustível do Futuro; e National Hydrogen Program e o desenvolvimento do mercado, tecnologias e estratégias com células de hidrogênio.
Citou a diversidade da mobilidade no futuro, que vai desde e-bike, passa por scooter, subcompacto, compacto, caminhões leves, médios, pesados, utilitários, entre outros. “Disponibilidade energética, metas ambientais e fatores econômicos determinam a tecnologia”, ressaltou Lopes, acrescentando que as distâncias percorridas também definem a tecnologia e a energia.
Falou sobre a disponibilidade energética no Brasil. Petróleo, carvão e gás somam 55% da fonte energética no País, enquanto biomassa, hidráulica, solar e eólica contabilizam 45%. No mundo, estes percentuais são 86% e 14%, respectivamente. Mas, segundo Lopes, as regiões desenvolvidas estão focando na redução da dependência de combustíveis fósseis, especialmente, carvão e petróleo.
Entre as soluções para a redução das emissões de carbono, o executivo destacou que na Europa há o elétrico leve e célula a combustível de hidrogênio para pesados, nos Estados Unidos, biocombustível e elétrico para leves e biocombustível e célula a combustível de hidrogênio para pesados; na China, elétrico para leves e célula a combustível de hidrogênio para pesados; e no Brasil, biocombustível para leves e pesados. “A mobilidade contará com maior uso de etanol, biodiesel, HVO (diesel verde), biogás e hidrogênio em longo prazo, dependendo das aplicações e disponibilidade de energia de cada região”, comentou.
Segundo a previsão da Anfavea, em 2035, a frota deve somar 3,2 milhões de veículos elétricos. “Para suportar esta frota precisaria de 154 mil carregadores públicos, demandando investimentos de 14 bilhões de reais de infraestrutura”, alertou Lopes, lembrando que ainda será preciso gerar a energia. Explicou que, se o Brasil tiver um crescimento maior que 1,5%, não terá energia suficiente nem para as indústrias. “Os estudos desconsideram a transmissão de energia, com distribuição e linhas antigas, limitadas”, disse.
Destacou que veículos elétricos ainda são muito caros. Por isso, no Hemisfério Sul, veículos de entrada não serão elétricos por bom tempo. A eletrificação só será adotada em veículos premium e, no futuro, deverão chegar a 5 ou 6% das vendas. “Tecnologias de motores a combustão continuarão crescendo em participação nos próximos anos, sempre buscando a otimização, maior eficiência e menor redução de emissões de gases poluentes, enquanto a eletrificação será lenta, mas crescente, por isso, é fundamental criar competência local sobre o tema”, comentou o gerente, ressaltando também a maior participação de biocombustíveis. Já no segment o de pesados, ocorrerá popularização dos híbridos.
Finalizou citando alguns exemplos do que a Mahle tem pesquisado e desenvolvido para suportar a mobilidade sustentável do futuro na região sul-americana, como motores focando eficiência e combustíveis renováveis, bombas elétricas, controladores para auxiliares, gerenciamento térmico para sistemas eletrificados, componentes elétricos para HVAC, sistemas de tração elétrico de baixa e alta tensões.
Economia Brasileira e o Aftermarket – O Prof. e economista Antonio Lanzana apresentou o cenário econômico brasileiro para curto e médio prazos. Inicialmente, destacou alguns aspectos mundiais que interferem na economia do País, como a inflação, que apesar de cedendo, ainda elevada nos outros países, taxa de juros alta, redução do ritmo de crescimento da economia mundial e incertezas geradas por “quebra” de bancos americanos. “O mundo está vivendo inflação, efeitos da pandemia e da guerra. Os países crescem menos, economias desaceleram”, disse.
No Brasil, há redução dos preços das commodities e a tendência é de desaceleração das exportações. Segundo o economista, em valores, as exportações cresceram 19,3%, quando comparado o resultado de 2022 com relação a 2021. Mas, na avaliação de janeiro a março de 2023 com o mesmo período de 2022, a alta foi de apenas 3,4% e a previsão do MDIC para fechar o ano é de queda de 2,8%.
Recordou que no final de 2022, a economia cresceu, mas foi perdendo fôlego. PIB atingiu crescimento de 2,9% e depois foi desacelerando ao longo do de 2022. Ressaltou que o setor de serviços respondeu por 83 % do crescimento, houve aumento da massa salarial e do endividamento das famílias (83% estão endividadas), saques da Caderneta de Poupança na ordem de R$ 103,2 bilhões em 2022. “Após a eleição, a partir de outubro, os índices de confiança dos consumidores e empresários não ajudaram”, afirmou.
No início deste ano, informações sinalizaram para atividade fraca, inflação continuou caindo e alcançou 4,65% em março.
Para os próximos meses, ele acredita que os juros vão continuar caindo, mas permaneceram ainda elevados e crédito escasso. A expectativa é de inflação acima da meta do BC. “O aumento do gasto público obriga o BC a manter juros elevados”, comentou o palestrante, acrescentando também que o efeito Americanas causam insegurança nos bancos.
Sobre o setor automotivo, destacou o agronegócio, que cresce mais rapidamente que o PIB devido atuação da Embrapa, tecnologias modernas e abertura comercial integrada no mundo. Já o mercado de automóveis, apesar de impactado pelo crédito caro, a frota está em constante ascensão. Por isso, a perspectiva também é favorável ao setor.
Segundo Lanzana, a projeção é de crescimento de 1% no PIB para 2023, inflação de 5,8%, taxa de juros de 12% e câmbio de R$ 5,00. “O PIB deve crescer mais em 2024, com expectativa de 2% a.a. e os fatores que vão impulsionar são: redução das taxas de juros e normalização do crédito, queda da inflação e aumento do poder de compra, bem como o maior crescimento da economia mundial, favorecendo exportações”, afirmou o economista, explicando que não dá para crescer mais porque depende de investimento e produtividade.
Durante o evento, Laguna destacou também o trabalho do advogado Daniel Rezende, que oferece novo serviço ao CONAREM. Atuou no manual do colaborador, disponível no site da entidade para compartilhar com a toda a equipe de trabalho; oferece assessoria jurídica e trouxe também a cultura de conciliação e mediação. “Hoje, não há necessidade, muitas vezes, das questões desaguar nos fóruns. É preciso aprender a dialogar e usar a Câmara de Conciliação e Mediação”, disse.
O presidente do CONAREM também homenageou com placa comemorativa as indústrias parceiras do setor que apoiaram a campanha setorial: Actioil, Kolbenschmidt, Mahle, MWM, Riomaq, Riosulense, Sabó, Takao.
O Congresso foi patrocinado pela Dana, IAB Brunidores, Kolbenschmidt, Mahle e Riosulense.