Em reunião realizada nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,25% ao ano. A decisão reflete um cenário econômico desafiador tanto no âmbito externo quanto interno, com pressões inflacionárias persistentes e uma dinâmica de atividade econômica acima do esperado.
No contexto global, a conjuntura econômica dos Estados Unidos continua a gerar preocupações sobre os ritmos de desaceleração econômica e desinflação, além de influenciar a postura do Federal Reserve (Fed). Bancos centrais das principais economias seguem empenhados em alinhar as taxas de inflação às suas metas, enfrentando desafios relacionados a mercados de trabalho tensionados. Este cenário impõe cautela adicional para países emergentes, como o Brasil.
No âmbito interno, os indicadores de atividade econômica e mercado de trabalho mostram dinamismo, com destaque para os dados do PIB do terceiro trimestre, que indicaram uma abertura adicional no hiato do produto. No entanto, a inflação, tanto cheia quanto nas medidas subjacentes, permanece acima da meta e apresentou elevações recentes.
As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus também aumentaram, alcançando 4,8% para 2024 e 4,6% para 2025. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2026 é de 4,0%, dentro do horizonte relevante de política monetária.
O Comitê destacou que o cenário atual é marcado por uma desancoragem adicional das expectativas de inflação, maior abertura do hiato do produto e pressões inflacionárias intensificadas. Entre os riscos de alta para a inflação, foram mencionados:
- Desancoragem prolongada das expectativas de inflação;
- Resiliência da inflação de serviços devido ao hiato do produto mais positivo;
- Impactos de políticas econômicas externas e internas, incluindo uma taxa de câmbio mais depreciada.
Por outro lado, riscos de baixa incluem:
- Desaceleração econômica global mais acentuada;
- Impactos mais fortes do aperto monetário sobre a desinflação global.
O Comitê também tem acompanhado os efeitos da política fiscal na dinâmica inflacionária e nos ativos financeiros. O recente anúncio fiscal impactou significativamente os preços de ativos, expectativas de inflação e taxa de câmbio, contribuindo para uma dinâmica inflacionária mais adversa.
Diante do cenário atual, o Copom antevê ajustes adicionais de mesma magnitude nas próximas duas reuniões, caso o cenário esperado se confirme. A decisão de manter uma política monetária contracionista reforça o compromisso do Comitê em convergir a inflação para a meta, assegurando a estabilidade de preços e contribuindo para o pleno emprego.
A decisão de elevar a taxa básica de juros foi unânime entre os membros do Copom, incluindo o presidente Roberto de Oliveira Campos Neto e outros oito integrantes do Comitê.