Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados na terça-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego voltou a cair no País, caindo de 8,1% no trimestre encerrado em novembro de 2022 para 7,9% no trimestre que acabou em dezembro. É a menor desde fevereiro de 2015. Em 2021, o resultado tinha sido de 13,2%.
A coordenadora do IBGE diz que pode haver diferentes fatores por trás do fenômeno, como o endividamento elevado, redução no consumo das famílias, menor acesso ao crédito, além do desempenho da Black Friday, a realização extraordinária da Copa do Mundo no fim do ano e uma expectativa mais morna dos comerciantes sobre as vendas.
Foi a primeira vez que um quarto trimestre não mostrou expansão da ocupação no comércio. “De fato, em termos de absorção de trabalhadores, foi o pior quarto trimestre do comércio”, confirmou Beringuy.
Na passagem do terceiro trimestre para o quarto trimestre de 2022, o comércio demitiu 45 mil trabalhadores, enquanto o segmento de outros serviços dispensou 59 mil pessoas.
No entanto, a queda na procura por trabalho ajudou o resultado geral, mantendo a taxa de desemprego em trajetória de redução. A população desocupada diminuiu em 888 mil pessoas em um trimestre, totalizando 8,572 milhões de desempregados, menor contingente desde o trimestre encerrado em junho de 2015. Em um ano, 3,439 milhões deixaram o desemprego.
Não houve emprego para todos, e a maioria migrou na inatividade. A população inativa somou 65,903 milhões de pessoas no quarto trimestre, 1,174 milhão a mais que no trimestre anterior.
“É estranho falar em recuperação do mercado de trabalho, porque o que vimos foram quedas na taxa de participação e a população economicamente ativa praticamente estagnada”, afirmou o economista-chefe da Terra Investimentos Homero Guizzo.
O aumento do número de famílias atendidas e do valor das parcelas do programa Auxílio Brasil pode ter sido um fator que contribuiu para a diminuir o número de pessoas em idade de trabalhar efetivamente participando do mercado de trabalho, considerou Guizzo. O economista prevê que a taxa de desemprego suba a 8,2% em janeiro no trimestre encerrado em janeiro de 2023.