É notório a todos a comodidade que a tecnologia tem nos proporcionado ao longo dos últimos anos e de forma evolutiva, a ferramenta do e-commerce não é diferente, mas no Aftermarket automotivo precisamos definitivamente entender o que construímos no passado, entender a dinâmica de mercado, as legislações, o relacionamento com o cliente, entender quem é este cliente, as constantes alterações de “Part Numbers” nos projetos das montadoras, as questões de lucratividade, margens, estoques, prejuízos nas várias formas de devolução, a possível perda do relacionamento da marca da autopeça com o cliente, neste caso particularmente a oficina, entre outras variáveis em um mercado, cujos canais comerciais são bem complexos, sem esquecer logicamente daquele que paga a conta, o consumidor.
Neste mês de maio de 2021 aconteceu o evento AUTO E-COMMERCE SHOW, organizado pela empresa E-commerce Brasil, onde vários profissionais de diversas áreas apresentaram situações vividas no e-commerce de autopeças e acessórios, ilustrando e permitindo avaliações mais profundas desta ferramenta adicional aos negócios da reposição automotiva.
Os números apresentados, sejam por empresas dedicadas a pesquisa nesta área, assim como por alguns palestrantes, sinalizou de modo geral que a divisão do faturamento se encontra mais fortemente na categoria de pneus e seus agregados em 67,6%, seguido de som automotivo e seu vasto universo de periféricos que ficou na ordem de 12,8% e peças, que neste caso inclui componentes externos do veículo e acessórios, ficando uma parcela para autopeças técnicas, um campo ainda nebuloso, que registrou no total 16,3%, isto porque uma das informações projetou que as vendas das autopeças técnicas representam menos que 30% nas compras online.
Este cenário comprova a força do canal tradicional instalado no Brasil a mais de 50 anos onde a distribuição, o varejo e as oficinas formam um time implacável, onde as ferramentas digitais ingressaram como formas de melhorar os negócios sem dúvida, mas não de substitui-las ou mesmo corrigir imperfeições construídas no passado e que ainda carecem de ajustes na base, portanto, o milagre de colocar na vitrine da Internet e vender não acontece, ou melhor até acontece, mas a que preço? qual lucratividade? qual o passivo e histórico de rastro está sendo depositado em um universo recheado de descaminhos e pirataria?
Reforço todos a refletirem em um mundo onde legislações de governança, proteção de dados e forte tendência de os proprietários de veículos estarem migrando de pessoa física para jurídica, se o ambiente de e-commerce de autopeças não tem um grande caminho ainda a percorrer com padrões, meios de pagamento mais seguros, questões fiscais e tributárias e se atendem as necessidades das oficinas, ou seja, de disponibilizar a peça certa em até 2 horas, garantindo rapidamente uma eventual substituição, e crédito com taxas responsáveis.
Especialista: João Alvarenga.