O avanço da eletromobilidade vai exigir um aumento da oferta de energia, que deverá ser suprida pelas fontes renováveis, sob risco de sobrecarregar o sistema, segundo avaliação do Grupo Safira, um dos principais do ecossistema de energia no País, com base nos dados de incremento da carga (oferta de energia para consumo). A segunda revisão quadrimestral de carga da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) aponta um incremento de 2%, ou 1.412 MW médios, em 2022, em relação ao ano passado, e uma previsão de crescimento médio da carga, entre 2021 até 2026, de 3,1% ao ano, mas este ritmo de expansão é insuficiente para atender a demanda que virá para recarga dos veículos elétricos, sendo necessário ampliar os investimentos em geração de renováveis.
Atualmente, o Brasil conta com uma frota elétrica e híbrida de 60 mil carros, 90% dela rodando nas ruas de São Paulo, e as estimativas apontam que até 2030, 10% da frota nacional será formada por veículos elétricos. Estes 5 milhões de veículos trarão um impacto anual de 9,4 GWh adicionais para o sistema.
“Do ponto de vista de sustentabilidade, será mais apropriado carregar os carros elétricos com energia limpa, e isso demanda muito mais investimentos em renováveis, especialmente em Geração Distribuída solar, em usinas plugadas na rede do sistema interligado, ou pelo modelo off grid – sem integração com a rede -, no qual haveria a instalação autônoma de painéis fotovoltaicos no local dos eletropostos para o carregamento dos veículos”, explica Raphael Vasques, coordenador de Gestão e Inteligência de Mercado do Grupo Safira.
Com o fornecimento pela rede, consumidores comerciais ou industriais que estiverem no ACL (Ambiente de Contratação Livre, ou Mercado Livre), no qual a tarifa de energia é, em média, 30% menor, terão economia na energia fornecida a seus eletropostos — por exemplo, aqueles instalados em shopping centers, em comparação aos consumidores atendidos pelo ACR (Ambiente de Contratação Regulada, ou Mercado Cativo), que consomem energia das concessionárias de distribuição.
A energia obtida de fonte solar vem crescendo exponencialmente no Brasil e já representa mais de 8% da matriz, com mais de 16 GW de capacidade instalada. Para efeito de comparação, no último dia 14 de janeiro, a geração solar respondeu por 2,2% da carga do país e, mais que dobrou em pouco mais de dois meses, chegando a 5,5% da demanda nacional em 5 de abril.
No Mercado Livre, a energia solar vem ganhando representatividade. Em janeiro de 2022, foram gerados 1.077 MW médios da fonte neste mercado, 380 MW médios a mais dos 697 MW médios registrados em janeiro do ano passado. E a geração solar fotovoltaica continua em curva ascendente em 2022, pois passou a ser de 1.140 MW médios em junho passado, acréscimo de 63 MW médios em relação ao primeiro mês do ano.