Escassez de semicondutores na indústria automobilística pode se normalizar no segundo semestre de 2022, avalia Bain

Segundo estudo da consultoria, capacidade de produção global de veículos leves deve ter uma redução de 4 milhões de unidades em 2021

7 minutos de leitura

A escassez da cadeia global de semicondutores na produção de chips e componentes eletrônicos que atinge a indústria automobilística deve começar a se normalizar a partir do segundo semestre de 2022 . É o que estima um estudo realizado pela Bain & Company. Segundo a consultoria, o setor automotivo deve sofrer perdas de receita na ordem de US$ 60 bilhões até o fim deste ano em razão da falta de componentes no processo de produção.

Segundo a Bain, o mercado global de semicondutores movimentou mais de US$ 450 bilhões em 2020, sendo que 70% desse montante foi originado da indústria eletroeletrônica, na produção de dispositivos como computadores e smartphones. A indústria automobilística, por sua vez, foi responsável por apenas 10%. A crise global desses componentes, porém, segue impactando os diferentes setores da indústria em todo o mundo, com perspectivas ainda incertas de retomada à normalidade.

Segundo Carlos Libera, sócio da Bain & Company, dado um cenário futuro de aumento de capacidade na produção de semicondutores, é esperado que a situação para as montadoras volte a um ritmo de normalidade a partir do segundo semestre de 2022. “A indústria automotiva representa uma parcela menor na demanda por semicondutores, sendo responsável por apenas 10% da receita dos fabricantes de chips. Logo, espera-se que a alocação de capacidade se normalize com mais velocidade em relação a outros setores”, afirma.  

A Bain ressalta, entretanto, que existem problemas estruturais dentro da fabricação de semicondutores, com gargalos sensíveis ao longo de toda a sua cadeia, que podem resultar em novos efeitos de escassez. “É importante que a indústria automobilística se antecipe a eventuais rupturas no futuro, sobretudo na maneira como ocorre o planejamento na sua cadeia de suprimentos – seja do ponto de vista de armazenagem de estoques ou de maior aproximação com os fornecedores”, destaca Libera.

O estudo da Bain ressalta que a produção global de veículos leves deve ter uma redução de 4 milhões de unidades em 2021 em comparação com as previsões anteriores, de dezembro de 2020. A consultoria trabalha com alguns cenários do impacto do mercado de chips e de semicondutores na indústria automobilística global nos próximos meses. Dentre eles estão:

Cenário mais otimista 
Diminuição da demanda de semicondutores em dispositivos eletrônicos, como placas de vídeo, smartphones e computadores pessoais, se comparado com o pico observado durante a pandemia da covid-19, redirecionando a capacidade para a indústria automobilística ao longo do quarto trimestre do ano.

Cenário base
Demanda permanecendo alta por indústrias não-automotivas, atrasando a transição da capacidade de fornecimento de semicondutores para a indústria automobilística até o segundo trimestre de 2022

Cenário menos otimista
A falta de semicondutores seguirá impactando a produção de veículos leves até o terceiro trimestre de 2022; o volume perdido de produção não será recuperado antes desse período. Além disso, a Bain alerta que outros fatores podem impor desafios para a indústria automotiva mundial na dependência por semicondutores:

Aumento de componentes eletrônicos na lista de materiais de produção

O aumento da eletrificação de veículos e nos Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor (ADAS) continuará a aumentar a importância de componentes eletrônicos na cadeia de suprimentos automotiva. O aumento da quantidade de componentes e de sua complexidade desafiará a gestão da cadeia automotiva

Pressão da indústria de computadores pessoais e dispositivos móveis

As cadeias de suprimentos de computadores pessoais (PCs) têm encontrado dificuldades para atender a demanda gerada pela crise da Covid-19. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), empresa que fabrica semicondutores, e a Intel, estão operando no máximo de suas capacidades. Já  fabricantes como AMD e NVidia, estão se deparando com falta substancial de componentes. Demanda por computadores para uso pessoal, em razão do trabalho remoto, crescimento da computação em nuvem e de dispositivos móveis de quinta geração (5G) são motores que aceleram a demanda. 

Riscos geopolíticos

Os semicondutores são grandes impulsionadores de superávits/déficits comerciais e fundamentais para a segurança nacional, o que aumenta o risco de novas intervenções em mercados e cadeias de abastecimento ocidentais e orientais. Exemplo são o apoio do governo chinês às indústrias locais; ameaças comerciais com países como Coreia e Japão; risco de metais provenientes de terras raras na China; e regulamentação do uso de bifenilas policloradas (PCB) pelo governo dos EUA.

Riscos operacionais

O aumento dos riscos nas complexas cadeias de suprimentos globais, somado a eventuais impactos gerados por desastres naturais. A frequência e a gravidade desses eventos perturbam cada vez mais a cadeia de valor em tecnologia. A consolidação da indústria de semicondutores aumenta os riscos de um único fornecedor (por exemplo, toda a capacidade tecnológica e industrial centralizada em um único polo de produção em Taiwan). 

Direto da fonte! Nossos jornalistas e colaboradores estão atentos a todos os conteúdos que envolvem os elos da cadeia da mobilidade terrestre brasileira. Sempre traremos conteúdo acionável para nossos leitores. Tudo sob a ótica dos CNPJs da cadeia. Da fabricação até a manutenção. Desejamos então, boa leitura! E claro, nos deixe saber a sua opinião. Ao final de cada matéria você pode deixar a sua mensagem ou ainda, através dos links das nossas redes sociais e whatsapp.

Deixe um comentário

Seu endere~co de e-mail n"ao serã publicado.

Anterior

Indústria reforça adoção do 4.0, abrindo caminho para o 5.0

Próximo

Com 37 anos de história, Fiat Uno Ciao marca a despedida de um ícone

Pular para o conteúdo