Com a crescente preocupação global sobre as mudanças climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de gases poluentes, os carros híbridos surgem como uma solução intermediária na transição para uma mobilidade mais sustentável. O professor de engenharia mecânica da FEI (Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros) Marco Barreto, destaca que as recentes mudanças nas estratégias das fabricantes de veículos elétricos estão ajustando a direção inicialmente tomada, mas sem alterar o propósito final de eliminar as emissões de gases poluentes: “O processo de transição é complexo, devido às mudanças que estão sendo geradas no setor, como também a fatores adjacentes em constante evolução”, explica o professor.
Um estudo intitulado “Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade”, elaborado pela LCA Consultores e pela MTempo Capital, destaca que investir em carros híbridos com motores flex é uma forma eficiente de acelerar a descarbonização da mobilidade no Brasil. O estudo, contratado pelo Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCB), conclui que a utilização intensiva de etanol como alternativa aos combustíveis fósseis pode gerar desenvolvimento socioeconômico significativo.
Segundo a pesquisa, o setor de transporte no Brasil corresponde a 13% das emissões totais de gases de efeito estufa, um percentual menor em comparação com países como Estados Unidos, China, União Europeia e Índia. Isso se deve, em grande parte, à predominância de veículos flexfuel no Brasil, que utilizam gasolina e etanol. A União Europeia considera flexibilizar as datas de proibição da produção de carros a combustão, o que pode afetar diretamente o mercado de veículos híbridos no Brasil. Caso essa revisão ocorra, haverá um aumento na oferta de modelos híbridos tanto na Europa quanto no Brasil.
Entre os principais desafios para a aceitação dos carros híbridos pelos consumidores brasileiros, existe a necessidade de separar os veículos híbridos que não são carregados na rede elétrica daqueles que são. “Os veículos híbridos recarregáveis, Plug-in, e os veículos elétricos usam a infraestrutura da rede elétrica, o que leva a uma mudança de hábito do consumidor e precisa da disponibilidade do carregador para o processo”, ressalta o docente da FEI.
“A infraestrutura de carregamento no Brasil está em expansão, mas precisa ser intensificada para acompanhar a crescente demanda por veículos híbridos e elétricos. A transição energética global está levando a uma reorganização da cadeia produtiva e setores adjacentes, criando novas oportunidades e desafios relacionados à disponibilidade de matérias-primas, volume de produção, custos e infraestrutura de recarga”, completa o especialista.