Fechamento de vendas de automóveis e comerciais leves, ano 2023 – Brasil

12 minutos de leitura

Autor Marcelo Cavalcante de Lima

e-mail consultores.cavalcante@gmail.com

O ano de 2023 foi de superação para o setor de automóveis e comerciais leves, foi um ano marcado por transformações, pela chegada de novas indústrias, pelo avanço da mobilidade de novas energias.

O pós pandemia trouxe grandes dificuldades para todos os setores, o setor automotivo sofreu por três anos com a crise dos semicondutores, desajuste na cadeia de suprimentos, aumentos de custos e mudanças comportamentais, fabricantes ajustaram suas estratégias a um novo cenário, com a dificuldade em aumentar a produção a solução foi focar em produtos de maior valor agregado, onde menos virou mais.

A pandemia seria um cenário quase que de ficção, a adaptabilidade de nossa indústria de transformação foi fundamental para superar esse ciclo, marcas como Ford e Mercedes Benz optaram em fechar suas fábricas, enquanto outras anunciaram grandes ciclos de investimentos, quem viu oportunidade acertou.

Obviamente muitos desafios ainda estão pela frente, seguimos com uma capacidade ociosa de quase 50%, as exportações seguem carregadas de tributos e temos ainda que aguardar os efeitos da reforma tributária, mas o cenário para 2024 segue positivo.

As vendas em dezembro foram as melhores já registradas no pós pandemia, foram vendidos 236.547 unidades, o que representou um crescimento de 17,31% em relação ao mês de novembro e 16,98% na comparação com o mesmo período de 2022, um mês surpreendente, onde as vendas diretas foram fundamentais para o êxito.

O acumulado do ano fechou com 2.179.335 unidades, esse volume representou um crescimento de 11,32% em relação ao ano de 2022, ficando acima das projeções do setor. Quando comparamos com o período pré pandemia o setor recua 18%, ficando próximo dos percentuais do velho continente e acima das quedas da América do Norte e Ásia.

As vendas diretas no mês de dezembro tiveram uma participação de 53,76% e o varejo encerrou o mês com 46,24%. No acumulado do ano o Varejo fechou com uma participação de 50,47%, com um volume de 1.099.897 unidades, o que representou um crescimento de 11,23% ante 2022 e as Vendas Diretas fecharam o ano com uma participação de 49,53%, com um volume de 1.079.438 e um crescimento de 11,41%, as locadoras foram fundamentais para o excelente fechamento do ano e devem encerrar com um volume de compras acima das 550 mil unidades.

No comparativo acima elencamos as marcas de volume e suas participações por modalidade, a tendência é para 2024 a maioria das marcas intensificar ainda mais suas participações na modalidade de vendas diretas.

No comparativo acima podemos analisar as vendas mensais de 2023 por modalidade, em 2023 tivemos um primeiro trimestre com impactos dos desajustes na cadeia e a normalização da produção propiciou uma maior oferta a partir do segundo semestre o que propiciou um aumento nas vendas do varejo e do atacado.

COMPARATIVO DE MARCAS MENSAL E ACUMULADO

O ano encerra como sempre com o ranking das marcas, nele podemos comparar as performances por volume, participação e comparar com os períodos de 2022 e 2019 (pré pandemia). Temos também nesse mesmo comparativo as vendas de novas energias no mês de dezembro e no acumulado do ano.

A Fiat fecha o terceiro ano consecutivo na liderança, a marca conseguiu ampliar sua participação que era em 2019 de 13,77% para 21,82% em 2023, fechou o ano com doze meses consecutivos na primeira posição, seu ciclo de investimentos foi fundamental para o bom desempenho e a sinergia criada pela Stellantis aumentou sua capacidade de compartilhar tecnologias, seu volume acumulado em 2023 foi de 475.520, ficando 29,88% acima do realizado no pré pandemia. Conforme veremos mais adiante a marca foi a mais vendida em 21 Estados mais o Distrito Federal, fecha o ano com seu modelo comercial leve na primeira posição e tem crescimento em todas os subsegmentos da categoria, seus novos lançamentos contribuíram para o excelente desempenho da marca nesses últimos 3 anos. Para 2024 deve anunciar novos ciclos de investimentos com foco no lançamento de produtos de novas energias, ganhou de brinde em 2023 a prorrogação dos incentivos fiscais da região Nordeste, o que com certeza vai ser bem utilizado nos próximos anos.

A VW acertou em 2023 com a chegada do Novo VW/Polo, o modelo foi destaque do ano e contribuiu muito para o bom desempenho da marca, encerra o ano na segunda posição com 344.990 unidades vendidas, ficando crescendo 28,20% em relação a ano anterior e recuando 16% em relação ao período pré pandemia. É impossível não destacar a propaganda da Volkswagen com a Elis Regina, para sua comemoração de 70 anos, no vídeo, Maria Rita e Elis Regina (criada por IA), aparecem cantando ‘’como nossos pais’’, música de Belchior, elas dirigem versões diferentes da Kombi, a intenção é demonstrar a evolução da marca nessas últimas 7 décadas.

Se a VW acertou na campanha publicitária em 2023 a GM fez uma campanha inversa, a montadora americana que já havia ameaçado sair do Brasil em 2020, resolveu demitir mais de 1.200 colaborares por correspondência, obviamente a decisão foi um tiro no pé, com o retorno de rumores de sua saída do Brasil, fato que teve que ser publicamente desmentido pelos seus executivos. Fora isso a marca americana teve uma participação discreta em 2023, ficando com a terceira posição, com 328.022 unidades, o que representa um crescimento de 12,56% em relação ao ano de 2022 e uma queda de 31% quando comparado com o período pré pandemia.

Conforme é possível observar no comparativo, poucas são as marcas que já conseguiram superar as vendas do pré pandemia, GM é a que mais perdeu em volume, a Renault e Honda foram as marcas que mais perderam em participação, entre as 10 marcas de volume apenas Fiat e Peugeot conseguem ter desempenhos superiores ao realizado em 2019, desafio segue em 2024.

As marcas Premium encerram o ano com um volume de 46.862 unidades, representando um crescimento de 22,05% em relação ao ano de 2022 e um recuo de 10,31% ao realizado em 2019. a BMW, Volvo e Porsche são as marcas que já tem desempenho superior ao realizado no período pré pandemia.

Destaque das marcas Premium para o grande volume de vendas de veículos elétricos e híbridos, o segmento vendeu no ano 23.828 unidades, com uma participação de 50,84%.

O segmento de novas energias encerrou o ano com 93.965 unidades vendidas, esse volume representou um crescimento de 90,58%, tivemos diversos destaques, como o excelente desempenho das chinesas BYD e GWM, o crescimento nas vendas da Volvo e BMW, além do bom volume de vendas dos híbridos da Toyota e Caoa Chery, em outro artigo vamos detalhar como foi o fechamento por marcas e volume.

Em dezembro as vendas de novas energias superam todas as mais otimistas projeções e fecharam o mês com 16.283 unidades vendidas, em outro artigo vamos detalhar o fechamento.

VENDAS POR ESTADOS

No comparativo acima podemos avaliar o desempenho das marcas por Estados, São Paulo mais uma vez liderou as vendas no Brasil com 579.330 unidades vendidas seguido por Minas Gerais com 509.891 e fechando o trio temos o Paraná com 142.437 unidades.

O Rio de Janeiro segue sendo o Estado com pior desempenho em relação ao período pós pandemia, suas vendas recuam 35,41% em comparação com o ano de 2019.

A Região Sudeste participou com 56,15% das vendas de automóveis e comerciais leves, a Região Sul com 16,32%, a Região Nordeste 13,18%, Região Centro-Oeste 9,65% e a Região Norte 4,70%. O tamanho do Brasil e as diferenças sócio econômicas segue sendo um grande desafio para o setor industrial e de distribuição.

No mapa das marcas mais vendidas é possível perceber a predominância da marca Fiat no cenário Nacional, fechando o ano liderando as vendas em 21 Estados mais o Distrito Federal.

RANKING DE MODELOS

As versões de entrada conseguiram melhorar seu desempenho graças a medida provisória 1166 que foi realizada em um momento fundamental, permitindo a recuperação do setor no 2.º semestre.

A  divulgação do Plano Mover que é o segundo ciclo do Rota 2030 que promete 19 bilhões de incentivos para o programa de descarbonização, com certeza é um passo importante para o desenvolvimento da nossa indústria, propiciando novos investimentos ao setor em novas tecnologias energéticas.

O cenário para o novo ano segue sendo de grandes desafios, a indústria Nacional permanece com uma capacidade ociosa de quase 50%, juros continuam acima das médias dos principais países produtores, mesmo diante desses entraves a indústria está otimista com o novo exercício e projeta crescimento para o novo ano, nossa indústria de transformação segue tendo grande capacidade de resiliência e superação, afinal já vivenciou muitos momentos adversos.

Nossos dados são prévios e estão sujeitos a pequenas variações, caso necessário faremos as atualizações, desejamos a todos uma ótima leitura e ainda hoje faremos o artigo completo dos veículos de novas energias.

Sucesso.

Mais de vinte anos lidando com clientes, orientando negócios de maneira honesta e confiável, garantido sólidos relacionamentos comerciais. Especialista no desenvolvimento de equipes comerciais, financeiras e administrativas. Pós Graduado em Team Management pela FGV e em Recursos Humanos.

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