O cenário econômico brasileiro tem gerado uma percepção de inflação mais intensa do que os números oficiais indicam. Embora o IPCA tenha registrado 4,83% em 2024, a alta expressiva nos preços dos alimentos – que subiram 8,23% e representaram 21,3% do IPCA-15 – afetou diretamente o dia a dia da população. Esse impacto é sentido de forma ainda mais acentuada pelas classes C e D, que destinam uma parcela maior da renda para itens essenciais.
Outro fator que contribui para essa sensação de perda de poder de compra é a redução no tamanho das embalagens, prática que ficou conhecida como “inflação invisível”. Produtos menores vendidos pelo mesmo preço ou até mais caros confundem o consumidor, que percebe o aumento, mas nem sempre consegue identificar de imediato onde está a diferença. Essa estratégia, combinada com os reajustes contínuos, agrava a sensação de que tudo está mais caro.
A disparada nos preços foi mais evidente em regiões como o Nordeste e o estado de São Paulo, onde os índices superaram a média nacional nos últimos meses de 2024. O setor de alimentos, em especial, se manteve resiliente à queda de preços devido à combinação de fatores como a alta do dólar e condições climáticas desfavoráveis, que pressionaram a cadeia de produção e distribuição.
Mesmo com sinais de desaceleração no início de 2025, a percepção de custo elevado persiste. A migração do consumo de hipermercados para atacarejos, que em tese deveriam oferecer preços mais baixos, acabou trazendo um aumento de 12,9% nos preços desses estabelecimentos. Somado a isso, o impacto da alta de juros e o encarecimento do crédito reforçam a sensação de que o custo de vida no Brasil continua subindo.