O fluxo de visitantes em lojas físicas subiu 3% em junho de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. Os lojistas de rua contaram com alta de 11%, enquanto unidades de shopping tiveram resultado mais tímido, com crescimento de 2%. Já pela visão do faturamento, houve salto de 15% para lojas físicas, 20% em unidades de rua e 5% nas situadas em shoppings. Isso refletiu no ticket médio nominal, com crescimento de 6% para lojas físicas em âmbito nacional, sendo 6% nas lojas físicas de rua e 1% nas lojas de shoppings.
Os dados são da pesquisa IPV (Índices de Performance do Varejo), organizada pelo venture capital HiPartners Capital & Work, em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Na margem geral, o descolamento no fluxo de visitação entre os tipos de lojistas, visto no relatório de maio, se mantém, explicando a diferença no crescimento anual.
A quantidade de boletos contou com alta de 9% para lojas físicas, frente a junho de 2022. A alta para lojas de rua foi de 13%, enquanto lojistas de shopping sentiram alta de 3%, após retração no relatório anterior, na mesma base de comparação.
A subida no fluxo de visitação em junho de 2023 em lojas físicas, contra mesmo mês de 2022, foi heterogênea entre as regiões. Enquanto Norte (-4%) e Nordeste (-1%) observaram queda, as demais regiões tiveram crescimento, com destaque para Centro-Oeste (10%), seguido por Sudeste (4%); enquanto a região Sul aproximou-se da estabilidade (0,1%).
Em relação ao volume de vendas, o movimento de alta (9%) para o Brasil foi territorialmente generalizado. O destaque positivo foi o Nordeste (13%), seguido pelo Sul (8%) e Norte (8%). Sobre o faturamento nominal, a maior alta também foi no Nordeste (20%), seguido pelo Sul (16%).
Entre os segmentos, o destaque no fluxo de visitas vai para o de “artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos”, com crescimento de 26%. No sentido oposto, o fluxo de visitação contou com queda de 30% no setor de “livros, jornais, revistas e papelaria”.
Dia dos Namorados supera índices alcançados antes da pandemia
Para o fluxo de visitação em lojas físicas, a semana encerrada no Dia dos Namorados de 2023 teve forte impulso frente à semana anterior, com crescimento de 31% na margem. Entre os tipos de lojistas, a alta foi puxada pelas lojas situadas em shoppings, com expansão de 32%, na mesma base de comparação; enquanto que os lojistas de rua contaram com crescimento de 18%. O resultado foi maior que o visto em 2019, para os lojistas de shopping, no mesmo cenário de análise.
No ano pré-pandemia, a alta do grupo foi de 26% contra semana anterior; enquanto que lojistas de rua tiveram desempenho mais forte que em 2023, com resultado de 28%.
Já na comparação anual, o crescimento no fluxo do varejo foi disseminado. Shoppings contaram com crescimento de 12% e lojas físicas de 10%. Dentro deste último grupo, os lojistas de shopping ganham destaque (13%) frente aos lojistas de rua (8%).
“Os números das pesquisas ao longo dos últimos meses revelam a volta do setor aos patamares antes do coronavírus. Isso se reflete também nos gastos do consumidor, já que as três variáveis apontam para um cenário do varejo mais aquecido este ano, em relação a 2022, apesar de um crescimento menos intenso que o visto em janeiro”, explica o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.
Os dados são provenientes das empresas FX Data Intelligence, plataforma de monitoramento da jornada do consumidor e do desempenho da operação no varejo físico e F360°, plataforma de gestão financeira para pequenos e médios varejistas, ambas investidas da HiPartners.
O estudo é chancelado pela 4intelligence, empresa que desenvolve plataformas de inteligência para o mercado B2B e que também é responsável pela metodologia das análises, garantindo mais equilíbrio ao estudo e agregando outros índices para ratificar a sinergia com distintos benchmarks do mercado, como a PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) e o índice Cesta Básica no E-Commerce (ICB-COM), realizado pela Precifica.
“Sabemos que o varejo enfrenta um momento desafiador frente ao cenário macroeconômico nacional e global. Mesmo com os índices em alta, a aprovação da reforma tributária, por exemplo, pode trazer diversos impactos, já que setor é bastante exposto a benefícios fiscais, principalmente atrelados ao ICMS, como também à Lei do Bem, Lei da Moda e à Sudene, que poderiam ser reduzidos com a implementação de um imposto único. Por isso a importância de permanecer com modelos de eficiência para preservar margens e trabalhar as bases que já estão dentro de casa”, afirma Flávia Pini, sócia da HiPartners.
Eduardo Terra, presidente da SBVC, observa que “houve uma melhora no cenário de consumo das famílias, com destaque para a renda, que se beneficiou do dinamismo do mercado de trabalho, da recomposição do salário mínimo e da ampliação do Bolsa Família. Outro vetor importante deste comportamento é a dinâmica benigna que se instalou no mercado de alimentos devido ao arrefecimento da inflação desta categoria. Mas, se por um lado os consumidores se beneficiam de um choque de oferta que acarretou a queda dos preços de alimentos e outros insumos no atacado, por outro, um cenário de crédito mais restrito, além de um alto grau de endividamento familiar, desestimulam o crescimento da demanda por bens duráveis, o que pode ser um sinal de alerta”.
Confira outros destaques do levantamento do IPV em Junho de 2023:
- O índice Cesta Básica no E-Commerce (ICB-COM) teve queda de 8% em relação a junho de 2022. Na variação mensal, houve alta de 3%;
- No fluxo de vendas, a região Nordeste teve o maior aumento, com salto de 13% nos cupons (quantidade de vendas);
- No fluxo de visitantes, o Centro-Oeste se destacou na variação de junho 23 vs junho 22, com aumento de 10%;
- Ainda que o setor de “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos” tenha apresentado alta de 26% no fluxo em relação ao mesmo período do ano anterior, na comparação com o mês de maio deste ano, houve queda de 14%.
Para obter o estudo completo, acesse: www.hipartners.com.br/ipv.