Ministério Público quer barrar proposta para Ferrogrão, no TCU

3 minutos de leitura

O Ministério Público está questionando o TCU acerca da ideia do governo investir até R$ 2,2 bilhões nas futuras obras da Ferrogrão contra imprevistos. Esta nova ferrovia deve ser leiloada este ano e vai ligar Sinop (MT) a Miritituba (PA) impulsionando o escoamento de grãos pelo Arco Norte. A área técnica do tribunal  está estudando a viabilidade e minuta de contrato.

O Ministério da Infraestrutura quer criar um mecanismo inédito: uma conta vinculada ao empreendimento, para a futura concessionária sacar os recursos da conta em caso de haver algum percalço inesperado na construção – como gastos acima do previsto – como compensações socioambientais ou mesmo desapropriação de terras, por exemplo.

Esse dinheiro vem do valor pago pela Vale na renovação das concessões das estradas de ferro Carajás (EFC) e Vitória-Minas (EFVM), que foram prorrogadas até 2057 mediante contrapartidas. Além de obras exigidas pelo governo, a empresa terá que pagar um montante a título de “outorga livre”. Quedas súbitas da demanda de cargas, no caso de quebra de safras agrícolas, também poderiam acionar o gatilho para acesso à conta – principalmente no início da concessão, quando a maior parte dos investimentos acontece.

O procurador Lucas Furtado, do MP de Contas, enviou uma representação à presidente do órgão de controle, ministra Ana Arraes, na quarta-feira, argumentando que essa modelagem pode ser “economicamente desastrosa e administrativamente ineficaz”. Além disso, ele lembrou que a recomendação do TCU foi de usar os recursos da outorga livre na construção de um ramal ferroviário de 230 quilômetros entre Balsas e Porto Franco, no Maranhão. Esse ramal, se conectaria à Norte-Sul, ajudaria no escoamento de grãos da região conhecida como Matopiba.O Ministério da Infraestrutura preferiu não acatar a recomendação do TCU sobre o ramal maranhense porque considera a Ferrogrão mais estratégica. Na visão da pasta, os riscos não gerenciáveis do projeto podem afastar investidores privados e a criação da conta ajudará a dar mais confiança para grupos empresariais interessados, bem como a atrair fundos estrangeiros.

O cronograma do governo é ter o aval do TCU ao edital da Ferrogrão no primeiro semestre para leiloá-la no segundo. A obra tem orçamento de R$ 8,4 bilhões. A ferrovia será uma alternativa à BR-163 e uma de suas principais vantagens é retirar caminhões de uma região ambientalmente sensível. Atualmente, mais de 70% da safra dali percorre mais de dois mil quilômetros para ser escoada pelos portos de Santos (SP) ou Paranaguá (PR).

Direto da fonte! Nossos jornalistas e colaboradores estão atentos a todos os conteúdos que envolvem os elos da cadeia da mobilidade terrestre brasileira. Sempre traremos conteúdo acionável para nossos leitores. Tudo sob a ótica dos CNPJs da cadeia. Da fabricação até a manutenção. Desejamos então, boa leitura! E claro, nos deixe saber a sua opinião. Ao final de cada matéria você pode deixar a sua mensagem ou ainda, através dos links das nossas redes sociais e whatsapp.

Deixe um comentário

Seu endere~co de e-mail n"ao serã publicado.

Anterior

Xô crise: prorrogação das concessões ajuda indústria ferroviária

Próximo

Projeto da Linha 6 do metrô de SP terá participação do fundo de investimento Stoa

Pular para o conteúdo