Desde 1º de janeiro de 2022 uma regra de quase 30 anos na China chegou ao fim. A legislação de lá previa, desde 1994, que as montadoras estrangeiras só podiam se instalar no país através de parceiros locais, e nunca com mais de 50% do controle acionário da operação. São as chamadas joint ventures. Quando foi aprovada, a “regra 50:50” visava proteger a indústria chinesa, possibilitando que ela tivesse acesso à tecnologia de ponta, pelas mãos da gigantes do setor que ali se instalavem, e dando tempo para que o setor se consolidasse nacionalmente, antes de dar acesso irrestrito ao seu mercado.
O fim dessa restrições à participação de montadoras estrangeiras nos seus próprios negócios, em solo chinês, foi confirmado pelo Ministério do Comércio e pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) do país.
Agora é permitida às montadoras europeias, japonesas e americanas uma maior participação comercial no maior mercado do mundo. A indústria automotiva brasileira sofrerá com os reflexos dessa abertura do setor na China.
A corrida para a gigante asiática se justifica. O mercado chinês tem uma expectativa de crescimento para 30 milhões de unidades anuais em 2025. Já no Brasil nada garante uma retomada dos números de uma década atrás. Gigantes do segmento como Volkswagen, General Motors, Toyota, Mercedes-Benz e a BMW miram mercado automotivo chinês e podem abandonar o Brasil.
E contrariando a expectativa de que as multinacionais vão seguir sozinhas, na China muitas delas já anunciaram que pretendem manter a parceria com as companhias locais, sem as quais não teriam os suportes técnico e de suprimentos de que dependem. Lembrando que a China terá o maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo consolidado, em 2030.
A China já havia aberto seu mercado, desde 2018, para os fabricantes de modelos elétricos. Em julho daquele ano Tesla iniciou seu relacionamento com o governo de Pequim e, de lá para cá, o país recebeu grandes investimentos estrangeiros para implantação de fábricas voltadas ao setor.