Novas fontes de energia e venda de extrapesados ao agronegócio são as principais tendências no mercado de caminhões

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Ligeiramente maior que a de 2024, produção deste ano poderá ter impacto negativo dos juros no segundo semestre

A indústria dos veículos de carga vai rodar bem, em 2025, com produção ligeiramente superior à de 2024, quando o setor registrou alta de 40,5% sobre o ano anterior. O bom desempenho dos extrapesados, impulsionado pelo agronegócio, e os novos modelos com fontes variadas de energia serão os destaques do mercado, avalia Elmar Gans, sócio-diretor da Mirow & Co..

A mudança do diesel para fontes sustentáveis como biogás e biometano, nos pesados, e energia elétrica, nos leves, será gradual. A introdução dos modelos elétricos, por exemplo, se dará principalmente por meio do modelo de aluguel, com uma oferta completa de gestão e otimização da frota.

“A grande disrupção virá das tecnologias de propulsão e das apostas que as montadoras farão em fontes como biocombustíveis e eletricidade e, para extrapesados, hidrogênio”, afirma Gans, que lidera a prática de bens industriais na consultoria.

A relevância do agronegócio como segmento-chave de clientes seguirá em ascensão, segundo o consultor. “Os extrapesados vão continuar impactando a produção nacional em função do agronegócio. Há uma década, esses caminhões representavam 20% do mercado, e hoje são 40%”, diz. “Neste ano, entretanto, poderão representar de 50% a 60% da produção”, prevê.

A holandesa DAF é um exemplo desse movimento. A montadora de pesados e extrapesados, que estreou no país em 2014, informa deter 10% de participação nas vendas, atualmente.

Outro dado importante é avanço de companhias de locação, como Vamos e Movida, que se tornaram as principais clientes das fabricantes. Estas, por sua vez, estão tentando responder por meio de suas próprias locadoras.

As projeções para o ano são positivas, mesmo com a tendência de aumento de preço decorrente da mudança no padrão de emissões, de Euro 5 para Euro 6, válida desde 2023.

No segmento de caminhões, a estimativa é de que os fabricantes produzam de 120 mil a 125 mil unidades. Entre os ônibus, serão de 22.500 a 25 mil unidades, impulsionadas pelo programa Caminho da Escola.

“Além do agronegócio, a construção civil e o varejo terão efeitos positivos sobre as compras. A preocupação reside no aumento das taxas de juros, com possível efeito negativo sobre o segundo semestre”, complementa o consultor.

Brasil rentável

Segundo projeções do setor, o Brasil representa 2% do mercado global de veículos de carga, mas tem se mostrado relevante para as principais fabricantes, como Daimler Truck (Mercedes-Benz) e Traton (VW, Scania, Man), por sua rentabilidade. “A volatilidade dos volumes, nos últimos 15 anos, levou essas montadoras a focar em resiliência, com custos fixos baixos para poder reagir rapidamente em caso de quedas da demanda”, explica Gans.

Apesar de já trabalhar na transição de fontes de energia, a indústria de veículos de carga ainda não vive grande impacto da digitalização, que por ora se concentra nos sistemas e processos internos das montadoras. “Há espaço enorme de oportunidades, tanto em eficiência quanto no processo de vendas, que ainda é muito offline”, diz.

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