Nove montadoras de carros e dez fabricantes de ônibus e caminhões aderiram ao programa do governo de incentivos ao setor automotivo, de acordo com o primeiro balanço divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Do total de R$ 1,5 bilhão disponibilizado em créditos tributários que devem ser revertidos em descontos para a aquisição dos veículos, o setor já solicitou R$ 340 milhões.
A divulgação ocorreu ontem, simultaneamente ao evento promovido pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para debater o processo de eletrificação no Brasil, realizado em Brasília, e que contou com a presença de Geraldo Alckmin, ministro da Pasta e vice-presidente da República.
Críticas
Especialistas têm criticado o programa. Em recente entrevista ao Estadão, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES, comparou o valor do pacote de subsídios a “dinheiro de pinga”, e disse ser absurdo aumentar o preço do diesel para bancar a verba. Para o economista Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper, trata-se de uma política que vai beneficiar uma parte da elite e os acionistas das montadoras. Há críticas também pelo fato de o programa privilegiar o uso de componentes nacionais, o que reduziria a competitividade do veículo nacional no mercado externo.
Participantes
Na lista de fabricantes de carros de passeio que aderiram ao programa constam Renault, Volks, Toyota, Hyundai, Nissan, Honda, GM, Fiat e Peugeot. Mas na tabela do Mdic com os modelos que obtiveram descontos aparecem ainda Jeep e Citroën. De acordo com a Pasta, são 233 versões de 31 modelos.
Maioria dos modelos tem motor 1.0 e câmbio manual
A maioria dos modelos da lista divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) é formada por veículos básicos, com motor 1.0 e câmbio manual. Um deles – o Volkswagen Gol – já está fora de linha.
Apenas dois modelos, o Fiat Mobi e o Renault Kwid, obtiveram o desconto máximo (R$ 8 mil em incentivos fiscais), determinado para veículos que cumprem os três requisitos estabelecidos pelo governo (eficiência energética, menor preço e conteúdo nacional).
Cada montadora teve direito a R$ 10 milhões em créditos já na adesão ao programa, e seis delas – Volks, Hyundai, GM, Fiat, Peugeot e Renault – já pediram outros R$ 10 milhões. Com isso, o governo já liberou R$ 150 milhões em crédito dos R$ 500 milhões previstos para automóveis.
Afora as fabricantes de automóveis, dez montadoras de caminhões e nove de ônibus também aderiram ao programa.
Fonte: O Estado de S. Paulo/Eduardo Rodrigues, Mariana Carneiro e Cleide Silva