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O Encontro Global “Right to Repair” na Automechanika 2024

10 minutos de leitura

Durante a Automechanika 2024, realizada em Frankfurt, líderes globais do setor de reposição automotiva se reuniram para discutir questões centrais sobre o “Direito de Reparar”. O encontro global Right to Repair Global Meeting (R2RG), que ocorreu em 11 de setembro de 2024, contou com a participação de 30 associações representando o mercado de reposição de veículos multimarcas de diversos países, como Austrália, Brasil, Canadá, Colômbia, Índia, África do Sul, Estados Unidos, além de várias nações europeias.

Esse fórum se consolidou como uma plataforma indispensável para colaboração internacional, onde os participantes debatem desafios comuns, especialmente aqueles relacionados às práticas dos fabricantes de veículos. Entre as questões mais urgentes, destacam-se o acesso irrestrito às Informações de Reparação e Manutenção (RMI), dados técnicos e a liberdade de uso de ferramentas e peças de reposição.

Os Desafios da Digitalização e dos Veículos Definidos por Software

Com o avanço da digitalização e a popularização dos veículos definidos por software, novos desafios têm surgido. O controle sobre os dados gerados pelos veículos, assim como o acesso às funções operacionais e informações de reparo, particularmente para as baterias de veículos elétricos, foram tópicos recorrentes durante o encontro. O controle exercido pelos fabricantes restringe o acesso de prestadores de serviços independentes a dados cruciais, limitando as oportunidades de negócios e restringindo a liberdade de escolha dos consumidores.

As associações participantes concordaram sobre a necessidade de uma legislação justa e de medidas eficazes para garantir que os fabricantes de veículos cumpram as regulamentações automotivas. A imposição de regras claras que assegurem o acesso a esses dados é essencial para equilibrar o mercado e garantir que os consumidores possam escolher livremente quem realizará a manutenção de seus veículos.

A Evolução do Right to Repair no Brasil

No Brasil, o movimento Right to Repair tem sido fortemente impulsionado pela Aliança do Aftermarket Automotivo Brasil, uma coalizão composta por diversas entidades do setor automotivo. ANDAP, SINCOPEÇAS BRASIL, SINDIREPA BRASIL e CONAREM, a Aliança do Aftermarket Automotivo Brasil congrega ainda as associações ANFAPE e ASDAP .Juntas, essas entidades têm como objetivo garantir um ambiente de negócios justo e competitivo, principalmente em relação ao direito de reparação de veículos multimarcas. Ao longo de 2023, a Aliança destacou diversas iniciativas voltadas para a promoção da livre concorrência e para o acesso a informações técnicas essenciais para os reparadores independentes. Além disso, a Aliança trabalha continuamente em diálogo com o governo e outros atores do setor para desenvolver uma legislação que assegure o direito de reparação, um ponto fundamental em um mercado cada vez mais digitalizado e com o aumento de veículos elétricos. A atuação dessa coalizão é essencial para garantir que os consumidores tenham liberdade de escolha e que o mercado de reposição automotiva brasileiro continue inovador e competitivo.

Depoimentos dos Líderes do Setor

Representantes de várias associações globais deram depoimentos sobre a importância de unir esforços para enfrentar os desafios impostos pelos grandes fabricantes de veículos:

Stuart Charity, CEO da Associação Australiana de Mercado de Reposição Automotiva, destacou a importância da união global:

“Associações que representam reparadores independentes em todo o mundo enfrentam adversários poderosos e bem financiados na forma de fabricantes globais de automóveis, que buscam maximizar lucros direcionando consumidores para suas redes de concessionárias autorizadas. É vital que a comunidade global de aftermarket se reúna para compartilhar experiências e defender legislações setoriais específicas que garantam igualdade de condições e o direito de escolha dos proprietários de veículos.”

Jean-François Champagne, Presidente e CEO da Associação das Indústrias Automotivas do Canadá, ressaltou o valor do R2RG para enfrentar questões globais:

“O Right to Repair Global é uma oportunidade valiosa para representantes chave da indústria se reunirem e agirem sobre alguns dos maiores problemas enfrentados pelo mercado de reposição automotiva em todo o mundo. No Canadá, estamos trabalhando para implementar legislações automotivas setoriais que garantam igualdade de condições para reparadores independentes, permitindo que os consumidores tenham controle sobre os dados de seus veículos e promovendo inovação e competição.”

Sylvia Gotzen, Diretora Executiva da FIGIEFA, observou que o Right to Repair Global tem evoluído para atender às novas demandas do setor:

“O Right to Repair Global tem demonstrado sua capacidade de acompanhar as mudanças e abordar os problemas e oportunidades mais recentes para o aftermarket automotivo independente. Na União Europeia, legislações recentes como o Data Act estabeleceram uma base para o compartilhamento de dados gerados pelos veículos, mas é necessária uma legislação automotiva setorial específica para garantir um acesso mais completo a dados, funções e recursos dos veículos.”

Marcin Barankiewicz, Secretário Geral da EGEA, enfatizou a importância da troca de experiências entre as associações globais:

“O Encontro Global do Direito de Reparar foi uma excelente oportunidade para trocar experiências entre associações de todo o mundo sobre como colocar essa ideia em prática. A EGEA apoia plenamente a liberdade de escolha na manutenção de veículos e realiza várias atividades nesse campo a nível europeu.”

Vinnie Mehta, Diretor Geral da Associação dos Fabricantes de Componentes Automotivos da Índia, destacou a relevância da iniciativa para o crescimento da indústria:

“A iniciativa do Direito de Reparar é fundamental para promover um ecossistema automotivo justo e competitivo. À medida que a indústria de componentes automotivos na Índia evolui com os avanços tecnológicos, é crucial garantir que operadores independentes tenham acesso a dados de reparo e manutenção, promovendo inovação e crescimento em toda a cadeia de valor.”

Kate Elliot, CEO da Right to Repair South Africa, afirmou que as táticas dos fabricantes globais para restringir o mercado de reposição automotiva são um desafio em diversos países:

“Com as marcas de automóveis expandindo seu alcance globalmente, não é surpreendente que muitos territórios enfrentem as mesmas táticas dos fabricantes para dominar o mercado de reposição. A união da comunidade global do Direito de Reparar tem sido uma ferramenta essencial na luta pelo direito de escolha dos consumidores na África do Sul.”

Bill Hanvey, Presidente e CEO da Auto Care Association dos Estados Unidos, reforçou a importância de uma voz global unida:

“Nossas associações globais de aftermarket estão alinhadas para apoiar legislações regionais que garantam o acesso a dados de reparo e manutenção em tempo real. Nosso simpósio global oferece uma oportunidade para compartilhar melhores práticas e assegurar uma voz coletiva em todo o mundo sobre essa questão, que ameaça a escolha do consumidor.”

Perspectivas Futuras para o Aftermarket Automotivo

O encontro Right to Repair Global tem desempenhado um papel essencial na definição do futuro da indústria de reposição automotiva. O consenso entre os participantes foi claro: a implementação de legislações automotivas específicas para o setor é indispensável para garantir que prestadores de serviços independentes e consumidores possam continuar a ter um papel ativo e relevante na manutenção de veículos.

À medida que a digitalização dos veículos continuam a redefinir o setor, garantir um ambiente justo para operadores independentes, inovadores e consumidores é mais importante do que nunca. O Movimento Right to Repair é essencial para garantir competitividade e liberdade de escolha.

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