O tempo passou na Ford (e ela não viu)

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Repost via Seu Dinheiro, por Ivan Ryngelblum

Eu bem que mostrei a ela

O tempo passou na janela

E só Carolina não viu

Carolina, de Chico Buarque

Bom dia,

Se tem algo que não perdoa é o tempo. Ele passa no seu ritmo e tem força suficiente para arrastar tudo consigo. E nós não podemos fazer nada, a não ser tentar acompanhar.

Não é algo simples. É difícil largar conceitos, ideias e comportamentos que fizeram sentido e proporcionaram ganhos e alegrias. Queremos acreditar que nada vai mudar, que as coisas permanecerão do jeito que conhecemos. Mas aí vem o tempo, implacável, e muda tudo. Uma roda viva, que segue em frente sem parar.

No mundo dos negócios, a passagem do tempo pode ser ainda mais cruel. Ele se junta à destruição criativa típica do capitalismo e faz com que um produto considerado inovador cinco minutos atrás se torne obsoleto. Uma empresa dominante hoje pode sumir amanhã num piscar de olhos.

Sinônimo de inovação automotiva desde que popularizou o conceito de linha de montagem no começo do século XX, possibilitando a venda de carros para a classe média, a Ford vê o tempo cobrar a conta.

Estagnada no sucesso do passado, a montadora não se atualizou. Produzindo carros só pensando no presente, ela rifou seu futuro, e agora tenta correr atrás do prejuízo reestruturando suas atividades em todo o mundo, como vimos esta semana, quando anunciou o encerramento de suas atividades no Brasil.

Não será fácil. Além das dificuldades inerentes ao processo de mudança de paradigmas, a Ford começa a ver pelo retrovisor a chegada de uma empresa nova, moderna, pronta para os novos tempos.

Ainda que não tenha o mesmo porte e venda muito menos veículos que as montadoras tradicionais, a Tesla parece pronta para o futuro. E o mercado já está precificando isso – recentemente, o valor da empresa de Elon Musk superou o da Ford em 20 vezes, mesmo tendo receitas cinco vezes menores.

Em sua tradicional coluna de sexta-feira, Ruy Hungria fala sobre a derrocada da Ford, da ascensão da Tesla, a necessidade de se adaptar ao tempo e os perigos de comprar expectativas.

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