Precisamos mudar a maneira de conduzir o automóvel

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Com a nova ordem da economia mundial, guiar de maneira econômica nunca foi tão importante, até mais séria que a exigida durante a primeira crise do petróleo que o Brasil enfrentou no começo da década de 1970, que provocou a mudança dos motores a gasolina dos caminhões pelo diesel que tinha preço inferior.

Há anos que sabemos que a redução das emissões de poluentes tem relação direta com a maneira com a qual se conduz o automóvel. Guiar de forma inteligente, suave e sem variações bruscas sempre proporcionou menor consumo de combustível e, consequentemente, menos emissões.

Sim, não adianta ter um carro mais econômico se o condutor dirige de maneira “gastona”. Isso serve inclusive para veículos híbridos e totalmente elétricos. Neste caso, o resultado não impactará nos gases emitidos, mas sim em maior consumo de energia elétrica, o que também não é benéfico para a sociedade.

Isso quer dizer que precisamos mudar a maneira de conduzir o automóvel, quer seja porque o preço do combustível nunca esteve tão alto, quer porque em um futuro breve, provavelmente passaremos a guiar carros híbridos e elétricos cuja condução eficiente e inteligente será fundamental para o menor consumo energético.

Mas como dirigir de maneira mais eficiente e sustentável? Essa nova postura requer muita atenção, observação das reações do carro e, também, do andamento do trânsito. O melhor de tudo é que essa mudança pode ser sempre aprimorada. Com treino e hábito, é possível conduzir cada dia consumindo menos para realizar o mesmo deslocamento.

Como comparação, a cada quilômetro por litro que a média de consumo sobe, a economia em reais pode chegar a 12% ou mais de R$ 40 por tanque. Em um automóvel com tanque de 50 litros, gasta-se, em média, R$ 350 para abastecer (gasolina a R$ 7) e a autonomia será de 400 quilômetros (com média de 8 km/l). Neste caso, cada quilômetro rodado custa – só de combustível – 87,5 centavos de real.

Com um consumo de 9 km/l, os mesmos R$ 350 reais permitirão rodar 450 km e o gasto por km percorrido cairá para 77,8 centavos de real, 12% menor. Parece pouco, mas equivale a quase R$ 150 mensalmente para quem roda 1.000 quilômetros por mês, mas pode chegar a R$ 300 para quem gasta um tanque por semana.

Mas como dirigir de forma mais econômica e sustentável? A maioria dos novos veículos tem o conhecido computador de bordo que informa no painel os consumos instantâneo e médio, o que torna a tarefa bem mais fácil. Basta observar o aumento e/ou diminuição do consumo instantâneo quando se tira ou “aperta” o pedal do acelerador e ver o resultado no consumo médio.

É um exercício interessante e desafiador, pois o condutor descobrirá que a sutileza está diretamente ligada aos melhores resultados. Quanto mais suave e menos bruscamente pisamos no acelerador, seremos mais eficientes e sustentáveis.

Se notamos que o trânsito à frente parou, o ideal é “aliviar” o pé do acelerador e deixar o carro “rolar” até o momento da parada. Também se estamos em uma situação de anda-e-para, não adianta acelerar energicamente e depois frear forte. O mais indicado é sair suavemente, pois logo será necessário parar novamente.

Parece simples e fácil, mas não é. Rápida e frequentemente desviamos a atenção e voltamos ao hábito antigo de pisar “menos suave” no acelerador. Leva tempo e requer uma mudança significativa de comportamento. Convido cada um dos motoristas a este exercício em apenas um tanque completo de combustível. Descobrirão que chegarão praticamente na mesma hora ao seu destino, com gastos menores e, mais importante, jogando menos gases do efeito estufa na atmosfera.

Na década de 1970, a crise do petróleo incentivou os motoristas de automóveis a se preocuparem com o consumo de combustível e as fábricas a promoverem eventos entre jornalistas especializados para serem referências na condução de veículos de forma mais econômica, principalmente a Ford e a Fiat.

Esses programas transformaram os jornalistas em atores das campanhas para a condução econômica. Entre esses profissionais, surgiu um gaúcho praticamente imbatível, premiado pela Fiat, por ter sido o mais econômico do Brasil o que lhe valeu um Fiat Prêmio Zero quilômetro ao ser lançado no Brasil, em 1985.

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