As famílias com dívidas em atraso no Brasil atingiu seu maior índice em março passado: 77,5%, desde 2010, quando começou a ser feita a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). A informação é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Neste cenário como ficam as empresas e como elas fazem para diminuir a falta de recebimento de seus créditos, que as colocam de risco até de encerramento de atividades.
Os inadimplentes, ou seja, as famílias com compromissos assumidos ou dívidas em atraso, chegou a 27,8%, registrando o segundo maior percentual da Peic, ficando abaixo apenas registrado no primeiro mês da pesquisa em janeiro de 2010 que foi 29,1%, há 12 anos. Com a crise, aquelas famílias sem nenhuma condição de pagar suas dívidas e com contas em atraso somam 10,8%, acima dos percentuais de fevereiro deste ano e de março de 2022, ambos com 10,5%.
O vilão dos endividados continua sendo o cartão de crédito com 87%. Na sequência estão os carnês, com 18,7%; o financiamento de veículos, com 11,2%; o crédito pessoal com 9,4% e por último o financiamento da casa própria.
Muito se comenta sobre as dificuldades do endividamento para as pessoas, que restringe, por exemplo, o acesso ao crédito. Mas para as empresas a inadimplência também acarreta vários problemas. Um deles é a incapacidade de pagar os salários dos funcionários em dia, assim como responsabilidades fiscais.
Uma profunda avaliação do score dos clientes é muito importante na hora da venda a prazo para evitar riscos ou fraudes em uma negociação. “Os bancos, instituições financeiras e demais empresas observam o score do cliente antes de liberar um crédito ou financiamento. O score é o comportamento financeiro histórico, associado aos apontamentos restritivos atuais, atrelado ao CPF ou CNPJ, que determinam uma pontuação de 0 a 1.000. Quanto maior a pontuação, melhor é a reputação financeira e o risco de não pagamento é baixo”, ressaltou Mellissa Penteado, CEO da proScore, um bureau digital de crédito, authority de Score, especialista em Big Data e inteligência de dados.
Mellissa indicou algumas dicas que podem ajudar a diminuir a inadimplência e os riscos para as empresas. “Investir na capacitação para que os funcionários identifiquem os riscos envolvidos; customizar seu próprio Score para tomar sempre decisões mais precisas à realidade da companhia; administrar os processos e o fluxo de informações da decisão de crédito de forma ágil e adequada e, além disso, simplificar a comunicação para aumentar a transparência entre os departamentos e os clientes”, afirmou.
Ela destaca ainda sete dicas para evitar e lidar com clientes inadimplentes:
- Criar um fluxo decisório modularizado desde a prospecção de vendas, gerando inteligência em todo o ciclo do negócio é fundamental para a sustentabilidade dos resultados;
- Manter uma régua de cobrança ativa, ou seja, uma ferramenta que vá determinar de que forma a empresa fará essa cobrança;
- Checar o perfil do cliente não somente para a decisão creditícia, mas também de elegibilidade ao público-alvo de maio retorno, tanto para o momento da concessão, quanto para o ciclo de cobrança;
- Avisar a pendência ao cliente;
- Oferecer alternativas para o pagamento;
- Apostar sempre na tecnologia para facilitar o processo de comunicação e pagamento;
- Explicitar os benefícios que serão perdidos na quebra de contrato.