A recuperação do setor de automóveis e comerciais leves tem ainda um longo caminho pela frente, mas os resultados de vendas do primeiro semestre demonstram uma grande capacidade de reação e adaptação.
A falta de componentes eletrônicos permanecem sendo o principal entrave para o aumento da produção, mas o setor também teve que adaptar-se aos aumentos de custos, a elevação de impostos no Estado de São Paulo, as paralisações de fábricas por falta de semicondutores e outros insumos, ao agravamento da pandemia, as implantações de novos processos digitais de venda e ainda o encerramento da produção nacional da Ford, diante desse cenário o setor pode comemorar o número de mais de milhão de vendas nesses seis primeiros meses do ano, anotando um crescimento de 31,89% em relação ao ano anterior.
A vendas no mês de junho fecharam com 169.596 unidades vendidas, registrando uma queda em relação ao mês anterior de 3,31%, quando comparamos com o mesmo período de 2020 o setor anota um crescimento de 38,14%, essa sazonalidade no volume de vendas no primeiro semestre, intercalando crescimento e queda é justificada pelo baixo volume de estoque em dias nas concessionárias e montadoras, o mês de maio encerrou com um estoque suficiente para atender apenas 15 dias de vendas.
As interrupções parciais na produção em junho afetaram quase todas as montadoras, principalmente VW e GM, podemos afirmar que o mês foi parcialmente salvo pelo grande volume de vendas da Fiat.
RANKING DE MARCAS
O mês de junho encerra com um ranking inédito e com disputas que só foram definidas nos últimos dias do mês, com o varejo representando 55,45% das vendas e o atacado 44,55%.
A Fiat é um capítulo à parte nesse universo de queda nos volumes de vendas, a marca italiana fecha o 1º semestre registrando um crescimento nas vendas acumuladas de 105,26%. Entre os dez veículos mais vendidos no mês cinco são da Fiat, sua participação em junho foi quase o dobro da segunda colocada, a marca liderou as vendas no varejo e no atacado, para fechar com chave de ouro seu Market Share registou um crescimento no semestre de 55,55%, anotando um ganho de mercado de 7,94%.
A segunda posição permanece com a VW, a marca alemã fechou o mês como uma queda em relação ao mês anterior de -21,62%, esse é o pior resultado da marca desde julho de 2020, no acumulado seu volume total anota um crescimento de 34,48%, a falta de semicondutores paralisou parcialmente sua produção no mês de junho e conforme comunicado oficial vai afetar também sua produção no mês corrente.
A Hyundai encerra o mês na inédita 3.ª posição, a marca coreana conseguiu emplacar seus dois principais modelos entre os dez mais vendidos, o HB20 é líder nas vendas acumuladas de automóveis. No acumulado a marca registra um crescimento de 50,77% e permanece na quarta posição.
A Toyota retorna para 5.ª posição nas vendas acumuladas, superando a Jeep, o bom resultado nas vendas do Corolla Cross justificam o bom desempenho da marca no 1º semestre.
A GM fica com a inédita 7.ª posição, algo impensável para uma marca que liderou o segmento nos últimos 5 anos, seu desempenho deve piorar no mês de julho, sua produção plena deve retornar na segunda quinzena de agosto, salvo novo comunicado.
Entre as marcas Premium o destaque do mês fica com a Volvo, registrando um crescimento de 27% em relação ao mês anterior e 44% no acumulado do semestre.
Peugeot fecha o semestre com o maior crescimento entre todas as marcas, suas vendas acumuladas aumentaram em comparação com o ano anterior 149%.
Ranking de modelos de automóveis e comerciais leves.
A Fiat/Strada liderou as vendas no mês e segue sendo o modelo mais vendido no 1.º semestre, nas vendas acumuladas o comercial leve registra um crescimento 167%.
Na segunda posição temos o Fiat/Argo com 9.382 unidades, 51% das vendas do modelo foram realizadas no Estado de Minas Gerais, indicando concentração em vendas para as locadoras.
O Hyundai/HB20 completa o trio dos mais vendidos no mês, o modelo ocupa a segunda posição nas vendas acumuladas e termina o 1.º semestre liderando a categoria de automóveis.
As vendas das SUVs sofreram fortes quedas no mês de junho por conta da paralisação parcial de muitas montadoras, entre os 10 modelos mais vendidos, seis registraram quedas nas vendas mensais, o GM/Tracker registrou queda no mês de 79%, vendendo apenas 990 unidades, o VW/T-Cross caiu 39,52%.
A liderança no semestre nesse sub segmento permanece com o Jeep/Renegade com 40.607 veículos vendidos, seguido pelo Hyundai/Creta com 33.493 e fechando o trio Jeep/Compass com 32.554 unidades.
As constantes interrupções nas linhas de montagem devem manter a modesta projeção de 15% de crescimento em 2021, sujeita inclusive a revisão para baixo.
Outras análises serão realizadas após a publicação dos resultados da indústria pela Anfavea, onde analisaremos a produção, exportações, estoques e projeções.