Simone Hashizume, coordenadora do XVII Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos

Simpósio debate alternativas à descarbonização da mobilidade

• Diante dos desafios da evolução automotiva, da contínua produtividade e do desenvolvimento sustentável, evento reuniu líderes e especialistas para discutir soluções e estratégias para o setor

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O XVII Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos, organizado e promovido pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, foi realizado sob o macrotema “Evolução automotiva, produtividade e desenvolvimento sustentável”. O evento pôs em pauta os esforços da indústria na evolução da engenharia dos veículos frente às metas de descarbonização.

O presidente da AEA, Marcus Vinicius Aguiar, abriu oficialmente o evento, realizado no Millenium Centro de Convenções, na cidade de São Paulo, nesta quarta-feira, 23 de outubro. Em seguida, Simone Hashizume, coordenadora do evento, fez a introdução do simpósio, que começou com a palestra de Murilo Ortolan, diretor de Tendências Tecnológicas da AEA, sobre o Programa MOVER, que tem como objetivo melhorar a qualidade dos automóveis vendidos no País por meio de tecnologia, inovação e eficiência energética.

Ortolan trouxe os principais desafios do MOVER e como a AEA tem contribuído para a construção e fomento da iniciativa, além de ressaltar o papel fundamental da entidade em esclarecer para a sociedade quais caminhos devemos percorrer para o sucesso do programa.

Na sequência, Marisa Maia de Barros, da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura

e Logística do Estado de São Paulo, falou sobre o biometano como estratégia de descarbonização da matriz energética. O tema central foi o papel das políticas públicas como indutoras do desenvolvimento tecnológico na cadeia produtiva, com ênfase na inovação e diversificação das fontes de energia renovável.

Para isso, Marisa trouxe detalhes sobre o Plano Estadual de Energia 2050, que delineia estratégias para o futuro energético, com foco em aspectos como tecnologia, meio ambiente, regulação e mercado. Nesse cenário, o biometano se destaca como um substituto potencial do gás natural. A projeção é que, até 2050, a demanda por biometano no setor de transportes não elétricos do estado alcance 49%.

O biometano seguiu sendo o tema principal com a palestra de Marcos Garcia, da Scania, em que destacou a crescente demanda do País pelo diesel, saindo de 7 bilhões de litros em 1970, para 67 bilhões de litros em 2023. Para Garcia, o transporte sustentável deve se basear em eficiência energética, transporte seguro e inteligente e combustíveis renováveis e eletrificação.

É neste último ponto que o biometano entra, já que Garcia mostrou que o Brasil tem potencial para a produção de 43 bilhões de litros desse biocombustível, volume suficiente para substituir 75% da demanda atual de diesel.

Garcia concluiu sua apresentação reforçando que o biometano é uma solução real e disponível no presente, com potencial para transformar o setor de transportes e contribuir para a sustentabilidade econômica e ambiental do Brasil. Segundo ele, “o gás é o presente e o futuro”, e com a infraestrutura e tecnologia já em vigor, o uso do biometano pode ser ampliado de forma imediata.

Rafael Ribeiro, da Oronite, por sua vez, destacou as vantagens do gás natural renovável (RNG) em relação aos motores a diesel convencionais. Sua apresentação mostrou como a tecnologia de propulsores a gás natural oferece uma solução eficaz para reduzir emissões de poluentes e gases de efeito estufa, sendo uma alternativa viável para o setor de transporte pesado.

Ribeiro ressaltou que os caminhões a diesel são atualmente uma das maiores fontes de emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) em várias regiões do mundo. No entanto, a utilização do gás natural renovável pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 85% quando analisado em todo o ciclo de vida (well-to-wheels). O gás natural pode ser utilizado em aplicações como GNV (Gás Natural Veicular) ou GNL (Gás Natural Liquefeito), oferecendo flexibilidade para diferentes necessidades e representando uma solução concreta para a redução de emissões no transporte.

A palestra que fechou a parte da manhã foi de Pamela Barreto, da Vibra, trazendo um olhar para o efeito dos biocombustíveis na indústria de lubrificantes. Pamela mostrou que o setor de lubrificantes, fundamental para o desempenho de motores e maquinário em geral, também vem se adaptando a essas mudanças, oferecendo soluções para atender às novas demandas energéticas. Para isso, a indústria tem explorado novas tecnologias, estreitando a colaboração com montadoras e desenvolvendo inovações voltadas à eficiência energética e à sustentabilidade.

Pamela conclui que ao promover grandes transformações no mercado e desbravar novos segmentos, o setor de lubrificantes busca não apenas atender às necessidades atuais, mas também avançar com soluções dedicadas que possam acelerar o progresso rumo a um futuro de energia limpa.

A parte da tarde foi inaugurada com Ayrton Barros, da Neocharge, trazendo um panorama da infraestrutura de recarga de veículos eletrificados no Brasil. Ele demonstrou que nos últimos anos, o Brasil tem avançado na adoção de veículos elétricos (BEVs e PHEVs), mas a infraestrutura de recarga ainda não está acompanhando essa evolução. Atualmente, o país conta com apenas um eletroposto para cada 17 carros elétricos, enquanto a recomendação da Agência Internacional de Energia (IEA) é de um carregador para cada 10 veículos. Além disso, menos de 10% dos carregadores públicos disponíveis no Brasil são rápidos.

Ayrton afirma que a principal barreira para o setor superar as dificuldades atualmente é financeira, mas que apesar dos desafios, a eletrificação do transporte seguirá em frente e a demanda continuará a crescer, fazendo com que o setor de infraestrutura tenha que se adaptar. Ayrton finaliza afirmando que a necessidade de expandir a rede de recarga é clara e urgente, e, se devidamente abordada, poderá transformar o Brasil em um líder na mobilidade elétrica.

Os veículos eletrificados seguiram na pauta com a palestra do prof. José Martinho, por meio da qual demonstrou a necessidade de adaptação das oficinas e dos profissionais de pós-vendas para lidar com esses automóveis.

A parte seguinte do simpósio foi dedicada aos lubrificantes. Sergio Rebelo, da FactorKline, trouxe um panorama desse mercado atual e futuro no Brasil e no mundo. Segundo ele, fatores como investimentos em atualização e expansão de plantas dos fabricantes; ampla oferta de aditivos com a chegada de novos players; melhores práticas de ESG em termos de coleta e reciclagem de embalagens; redução da demanda de lubrificantes nos principais mercados do mundo, são alguns dos pontos que demonstram a potencialidade do Brasil nesse segmento para os próximos 10 anos.

Aylla Kipper, da LWART, destacou a questão da sustentabilidade para o segmento de óleos básicos. A executiva afirmou a necessidade de o setor possuir uma solução sustentável para a descarbonização, alinhada à transição energética e à economia circular.

Para Aylla, o compromisso para buscar a neutralidade de carbono na economia precisa contar com a participação de todos os fornecedores de componentes veiculares, em especial pela disponibilidade e aplicação de tecnologias de baixa intensidade de carbono e poluentes.

A parte final do simpósio teve como destaque o setor de motocicletas. Carolina Silva, da Infineum Brasil, começou sua apresentação demonstrando o impacto nos lubrificantes frente às inovações tecnológicas no segmento de duas rodas a partir das mudanças nas regulamentações de emissões.

Ela alertou para a necessidade de uma abordagem equilibrada, que leve em conta questões como durabilidade, economia de combustível e desempenho em um ambiente cada vez mais exigente em termos de emissões de poluentes e que é necessário que o setor de lubrificantes caminhe nessa direção.

Na sequência, Marco Antonio Almeida tratou do mercado e especificações dos lubrificantes para motocicletas, trazendo um trabalho de apuração e pesquisa com a frota circulante de mais de 36 milhões de motocicletas no País hoje em dia.

Segundo seu estudo, 66% do mercado utiliza lubrificante 20W-50, mais viscoso, que causa maior impacto nas emissões e gasto de combustível, enquanto o ideal, baseado na maioria das motocicletas que circula pelo País, era que 77% utilizassem lubrificante 10W-30, com menos viscosidade e que contribui para os motores emitirem menos poluentes.

A última palestra do dia ficou a cargo de Marcus Vercelino, da Lubrizol, que trouxe uma visão de como os aditivos podem atuar a serviço da sociedade, produtividade e do meio ambiente.

Ele trouxe resultados de testes de campo feitos para melhoria dos produtos, que trouxeram maior durabilidade do equipamento, causando menos descarte de lubrificantes, reduzindo a necessidade de manutenção. Segundo ele, este é um exemplo de algo que traz benefícios em termos de sustentabilidade e produtividade para toda a cadeia.

Por fim, ainda houve tempo para a entrega do Prêmio SIMEA 2024, cuja homenagem contemplou os melhores trabalhos técnicos da 31ª edição do Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva, ocorrida em agosto último.

Fonte: Texto Final

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