Autor Marcelo Cavalcante de Lima
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Atualizado 03.05.2022
O mês de abril encerrou com 151.721 veículos vendidos, esse volume representa um recuo de 18,69% em relação ao mês de março e um crescimento de 11,28% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O 1º quadrimestre fecha com 588.509 unidades, anotando um crescimento de 15,20% em relação ao ano de 2022 e uma queda de 26,56 quando comparado com o período pré-pandemia. Se excluirmos os quadrimestres do ano de 2020 (sem produção em abril) e 2022 (agravamento da crise dos semicondutores), o volume acumulado é inferior ao realizado em 2007.
As vendas no varejo fecharam o mês de abril com 76.225 unidades, o que representa uma participação de 50,24% e o atacado alavancado pelas vendas das locadoras encerrou com 75.496 veículos, com uma participação de 49,76%.
A queda na demanda do varejo continua provocando paralisações e suspensões de turnos em diversas montadoras, preços elevados, juros altos e perda do poder aquisitivo, seguem sendo limitadores de recuperação do setor.
As vendas acumuladas por modalidade justificam a preocupação do setor com a queda na demanda do varejo, os dados do quadrimestre apontam que o volume de vendas do varejo cresceu apenas 1,78% quando comparado com o fraco desempenho de 2022, enquanto o atacado cresceu 35,33%.
Uma das alternativas para o aquecimento do setor também está no segmento de vendas diretas, seria a aumento dos limites de enquadramento de isenção de ICMS para compras de veículos PCD, hoje o limite para o benefício total é de R$70.000,00 e a elegibilidade é de até R$100.000,00, poucos modelos se enquadram nessas faixas de preços, em 2020 foram vendidos 238 mil veículos ao público PCD, no ano de 2021 esse número despencou para aproximadamente 82,9 mil veículos.
E se você está achando que às montadoras estão sentadas nos preços está enganado, o mês de abril teve descontos, promoções, ações comerciais, taxas equalizadas, mas recuperar o mercado não é uma tarefa fácil, assim como ajustar preços a uma demanda em queda, pior que vender pouco é queimar margem e vender a mesma quantidade.
Sempre é bom destacar que existem marcas que estão conseguindo ampliar sua participação nesse cenário, o que é comum acontecer em ciclos de crise, espaços deixados são ocupados, como foi o caso da saída da Ford, mas isso envolve planejamento, investimentos e boas estratégias.
O mercado automotivo no Brasil é sólido e a cadeia produtiva emprega mais de um milhão de pessoas e atrai grandes investimentos, além de gerar bilhões em arrecadações de impostos. Existe espaço para baixar impostos, existe espaço para movimentar às vendas através de programas de renovação de frota, o que não pode é perder investimentos, principalmente em um momento onde a eletrificação está sendo prioridade para as montadoras.
Desejamos a uma ótima leitura.
COMPARATIVO DE MARCAS – VENDAS MENSAIS
Na análise de vendas por marcas quase 100% das montadoras anotaram quedas em relação ao mês de março e apenas Fiat e Jeep registraram crescimento ao realizado no período pré-pandemia, quando comparamos com o ano de 2021 o setor recua 11%.
No ranking de marcas a Fiat segue praticamente isolada na liderança, a marca italiana encerrou o mês de abril com 33.413 unidades vendidas, sua carteira do mês foi concentrada 65% no atacado, suas vendas totais anotam um crescimento de 14,65% ante 2022 e avançam 19,31% na comparação com o período pré-pandemia, a montadora encerra o 1º quadrimestre liderando as vendas em 22 Estados mais o Distrito Federal. Seu principal modelo de vendas a Fiat/Strada foi líder em abril e segue na primeira posição do acumulado. O Grupo FCA anunciou em 2019 um investimento para o Ciclo de 5 anos de R$16 bilhões de reais e deve anunciar em breve detalhes de seu novo projeto híbrido.
A segunda posição no mês e no acumulado do ano é da GM, é sempre bom relembrar que enquanto em 2021 a Ford anunciava sua saída do Brasil a GM confirmava o retorno do planejamento de investir R$10 bilhões de reais no ciclo de cinco anos. As vendas no mês foram de 24.376 unidades, sua carteira de abril foi concentrada 51.40% no atacado, suas vendas acumuladas registram um crescimento de 33,91% em relação ao ano anterior e caem 33,77% em relação ao período pré-pandemia. Seu principal modelo de vendas o GM/Onix ficou com a segunda posição do mês e do acumulado.
A VW fecha o trio do mês, mas segue com comunicados de paralisações de unidades, já está programado para 1 de junho um corte na produção da T Cross, a unidade de SJP vai colocar entre 600 a 700 funcionários em regimes de lay-off por um período de 2 a 5 meses. Suas vendas de abril foram de 21.507 veículos, no acumulado do ano a montadora cresce 72,37% em relação ao ano de 2022 e recua 29,46% ante o período pré-pandemia. Sua carteira foi concentrada 53.15% no atacado, seu principal modelo de vendas em abril foi o Polo que ficou com a 4ª posição, no acumulado o modelo está na 6ª posição.
A quarta posição é da Toyota que anunciou em abril um investimento no Brasil de R$1,7 bilhões para a produção de um novo modelo híbrido. Suas vendas em abril foram de 14.278 unidades, o varejo concentrou 70% de sua carteira do mês, no acumulado do ano a marca está estável em comparação com 2022 e recua 15,79% ante o período pré-pandemia.
Montadoras e a rede de concessionária tem grandes desafios a serem enfrentados em 2023, a queda na demanda do varejo tende a baixar preços e margens, desequilibrando os resultados financeiros e colocando em riscos novos investimentos.
A demanda represada dos últimos três anos propiciou a rede e as montadoras, compensar a queda no volume provocada pela falta de componentes e insumos, com o aumento de margens concentrando em produtos com maior valor agregado, mas agora a realidade é outra, algumas marcas estão vendendo entre 29% até 51% abaixo do realizado em 2019, se nada mudar, os ajustes necessários podem provocar perdas de investimentos e demissões.
RANKING DE MODELOS – ABRIL E 1º QUADRIMESTRE
A Fiat/Strada fecha o mês de abril na primeira posição com 8.051 unidades vendidas, 73,95% de suas vendas foram concentradas no atacado, no acumulado do 1ª quadrimestre o modelo já vendeu 31.823 unidades e segue na liderança.
A segunda posição de abril é do GM/Onix com 7.376 unidades, sendo 55,55% concentrado no varejo. Suas vendas no quadrimestre totalizam 28.902 veículos, ficando na 2ª colocação.
Fecha o trio de abril o Hyundai HB20 com 7.143 veículos, suas vendas foram concentradas 71,15% no atacado, 4.859 foram emplacados em Minas Gerias o que indica forte concentração nas locadoras. No acumulado do ano já foram vendidas 23.337 unidades, ficando com a 4ª posição.
MAPA DE MARCAS MAIS VENDIDAS POR ESTADOS
A Fiat fecha o 1º quadrimestre liderando as vendas em 22 Estados mais o Distrito Federal.
A GM fecha o 1º quadrimestre liderando as vendas no Rio Grande do Sul e Amazonas.
A VW fecha o 1º quadrimestre liderando as vendas em São Paulo e Santa Catarina.
Esse artigo foi atualizado em data de 03 de maio de 2023.
Alguns dados estão sujeitos a pequenas variações, o objetivo de nossos gráficos, análises e estudos é demonstrar tendências do setor.
Novas análises já estão no forno.
Desejamos a todos um ótimo mês de maio e um Feliz Dia do Trabalho,