A mobilidade no Brasil segue em grande transformação, principalmente quando comparada com o período pré pandemia, durante nosso artigo vamos abortar as vendas no 1º semestre dos setores de autos, leves, motos, caminhões e ônibus, analisando seus volumes e participações por Estados.
Vamos também analisar as vendas de automóveis e leves por Estados, elencando as montadoras que tiveram melhor desempenho no mês e no semestre.
Como sempre nosso artigo vai estar repleto de gráficos, análises, mapas e comparativos, desejo uma ótima leitura.
No resumo de fechamento do semestre podemos comparar volumes e participações dos segmentos de autos, leves, motos, caminhões e ônibus.
O segmento de automóveis anotou uma queda no volume de vendas em relação ao período pré pandemia de 31,19% e caiu 29,81% na participação, reajustes de preços, taxas de juros elevadas, foco em modelos com maior valor agregado e perda do poder aquisitivo, seguem sendo os principais entraves para a recuperação do setor, o recente plano de incentivos do Governo Federal agitou o mercado no último mês e deve render ainda bons resultados em julho, obviamente essas ações pontuais não modificam o cenário atual.
O segmento de veículos comerciais leves está na contramão, seus volumes registraram no 1º semestre um crescimento de 19,50% em relação ao ano de 2022 e avançam 4,88% em relação ao período pré pandemia.
O aumento de vendas de comerciais leves está ligado diretamente ao seu público alvo e as características dos produtos, o crescimento da logística urbana, melhora do setor agrícola, aumento das vendas para pessoas jurídicas, poder aquisitivo, são alguns dos fatores que beneficiam o bom momento desse sub segmento.
A venda de motos é um case a parte, o setor fechou o primeiro semestre com o melhor resultado dos últimos 10 anos, seu volume anota de 22,46% em relação ao primeiro semestre de 2022 e cresce 47,07% na comparação com o período pré pandemia, sua participação cresceu incríveis 50% quando comparado com o ano de 2019. Aqui temos que ressaltar que o setor sofre com altas taxas de juros, e assim como no segmento 4 rodas teve seus custos elevados pelo desajuste da cadeia de suprimentos. Afinal onde está o pulo do gato, em primeiro lugar precisamos lembrar que a principal marca tem forte participação em vendas via consórcio, a pandemia criou uma onda de aumento nos serviços de entrega e sem nenhuma dúvida a perda de poder aquisitivo alinhada ao aumento dos preços dos automóveis, fez com que parte dos consumidores migrassem para o setor de duas rodas. Conforme veremos mais adiante regiões inteiras tem o veículo duas rodas como seu principal meio de transporte.
O setor de caminhões e ônibus fechou o semestre com uma queda de 4,13% em relação ao ano anterior, o bom volume de vendas de caminhões nos últimos dois anos foi parcialmente justificado pelo bom momento do agro negócio, para 2023 o setor projeta estabilidade em relação ao ano anterior.
VENDAS DE AUTOS E LEVES POR ESTADOS 1º SEMESTRE 2023
O Estado de São Paulo fechou o mês de junho com seu melhor resultado no ano, foram vendidos 49.029 unidades, o que garantiu com folga a primeira posição, a marca mais vendida no mês foi a VW. No acumulado do ano o Estado também garante a 1º posição, com 237.005 unidades, a marca mais vendida no semestre foi a VW (54.615), o varejo concentrou 58% das vendas no Estado.
Minas Gerais foi salva no último momento pelas compras das locadoras, o Estado vendeu no mês de junho 35.964 autos e leves, 61% desse volume foi realizado nos últimos 4 dias, o seu melhor resultado no ano foi em março quando foram emplacados 46.000 unidades, a marca mais vendida no mês foi a Fiat. No acumulado do ano suas vendas estão estáveis ante 2022, 80% do volume do semestre foi concentro na modalidade de vendas diretas (leia-se locadoras), a marca mais vendida no semestre foi a Fiat (73.895).
Paraná fica com a terceira posição do mês e no acumulado, o Estado vendeu no primeiro semestre 64.578 veículos, anotando um crescimento de 23% ante 2022. A marca mais vendida em junho para os paranaenses foi a VW, a liderança no primeiro semestre é da Fiat (11.113), 51% das vendas no Paraná foram concentradas no varejo.
A Região Sudeste (SP/MG/RJ/ES), concentrou no primeiro semestre 53,56% das vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil.
A Região Sul (PR/RS/SC), concentrou no primeiro semestre 17,20% das vendas de automóveis e comerciais leves e a Região Centro-Oeste 10,39% (GO/MT/MS+DF).
Juntos os nove Estados da região Nordeste concentram 13,84% das vendas de autos e leves e a Região Norte 5,01%.
MAPA DE MARCAS MAIS VENDIDAS POR ESTADOS NO 1º SEMESTRE
A Fiat fecha o primeiro semestre liderando as vendas de autos e leves em 22 Estados mais o Distrito Federal, em 2019 a marca encerrou o ano liderando em 4 Estados mais o DF.
A VW fecha o semestre liderando as vendas em São Paulo e Santa Catarina, em 2019 a marca fechou o ano liderando em sete Estados.
A GM fecha o semestre liderando as vendas no Rio Grande do Sul e no Amazonas, em 2019 a marca encerrou o ano liderando em 16 Estados, entre eles SP e Minas Gerais.
No final do artigo vamos adicionar o Mapa de Vendas por marcas do ano de 2019.
COMPARATIVO VENDAS DE AUTOS E LEVES x MOTOS
No comparativo acima podemos analisar as vendas por Estados de Autos e Motos, com seus volumes e desempenhos percentuais em relação ao ano de 2022.
O 1º semestre encerra com as motos sendo o veículo mais vendido em 16 Estados, para se ter uma ideia da mudança, no mesmo período em 2019 a venda de motos superou a de automóveis e leves em apenas 8 Estados.
Conforme citamos no começo do artigo uma parcela dos clientes de automóveis migrou para o setor de motos, essa predominância em muitas regiões está diretamente relacionada com a queda no poder de compra e o aumento dos preços dos veículos.
Em um momento de aumento de taxas de juros, a grande concentração de vendas de motos pelo sistema de consórcios é outra grande vantagem do setor.
O crescimento das vendas de motos em algumas regiões é surpreendente, no Rio de Janeiro enquanto a venda de autos e leves cresceu apenas 3,32% no semestre, a vendas de motos aumentou 50,41%, a venda de autos no Estado despencou 41% quando comparado com o período pré pandemia (2019).
No Estado do Pará a venda de automóveis e leves caiu no semestre 2,89%, já o segmento de motos cresceu 45%, são 15.134 autos no semestre contra 47.613 motos, o volume de motos cresceu no Estado em relação ao período pré pandemia 79%.
Assim como nos automóveis e leves o mercado de motos também é desafiador em um cenário de taxas de juros alta, inadimplência e nível de aprovação de crédito, em média apenas 30% das propostas de financiamento de motos são aprovadas, destacando que o segmento teve um ciclo de seis anos de queda, seu melhor momento foi em 2011 quando vendeu 1.940.531 unidades, fechando o ciclo em 2017 com apenas 851.211 motos vendidas, a projeção para o ano é um crescimento de 10%, com volume aproximado de 1.500 milhões de unidades.
A crescimento nas vendas do delivery e as compras pela internet também contribuíram para o bom momento do setor, mas é indiscutível que parte dos consumidores migraram de veículos 4 rodas para o segmento de 2 rodas.
Assim como no setor automotivo a venda de motos também cresceu no segmento de locação, plataformas como a Mottu, tem seus produtos ofertados exclusivamente no sistema de locação, seu volume acumulado é de 20.798 unidades, o que equivale a 2,67% do total vendido. A liderança permanece com a Honda que sozinha vendeu 71,18% (555.012), na segunda posição temos a Yamaha com 147.772 unidades.
MAPA DE VENDAS DE MOTOS X AUTOS E LEVES – 1º SEMESTRE
O mapa acima ilustra os Estados onde o segmento duas e quatro rodas estão liderando as vendas. O Sul é a única região do Brasil onde os três Estados permanecem com vendas de autos e leves acima do setor 2 rodas.
MAPA COMPARATIVO DA LIDERANÇA DAS MARCAS NOS ESTADOS NO SEMESTRE 2023 E NO FECHAMENTO DO ANO DE 2019
No comparativo acima fica claro as mudanças de liderança entre as marcas, a Fiat que em 2019 encerrava o ano liderando as vendas em 4 Estados e mais o Distrito Federal, amplia sua participação em todo o Brasil, fechando o semestre com 22 Estados mais o DF.
Algumas marcas mudaram suas estratégias, principalmente com a necessidade de retirar de linha veículos que não mais atendiam as novas regras de emissões de poluentes. Mas é impossível não destacar o excelente trabalho da Fiat, conseguindo excelentes resultados em todas as regiões do Brasil.
O setor tem seus ciclos e cada montadora tem suas estratégias, esse ano com certeza será mais uma vez de predominância da marca italiana, destacando que a marca foi líder por 11 anos consecutivos entre os anos de 2005 e 2015, depois tivemos a GM que liderou o mercado entre os anos de 2016 até 2020.
Seria impossível não felicitar a VW pelos seus 70 anos no Brasil, a marca foi líder em vendas por mais de quatro décadas, teve um modelo como o mais vendido por 27 anos consecutivos, tem ícones como o eterno Fusca e a querida Kombi, que saudade do meu Passat (lançado no Brasil em 1974), em 1980 ela lançaria o Gol que permaneceu em produção até o ano de 2022, a marca com certeza é eternamente Brasileira, que venham mais 70 anos, um Feliz Aniversário.
Espero que tenham gostado dos dados abertos por Estados, no final do artigo temos uma tabela adicional com o resumo das vendas dos setores, de automóveis e comerciais leves, motos, caminhões e ônibus,
Os dados estão sujeitos pequenas variações, o intuído de nossos estudos é demonstrar tendências.
Enviei seu comentário via linkedin ou se preferir no meu email consultores.cavalcante@gmail.com
Desejo um mês de julho iluminado.
GRÁFICO ADICIONAL