Xô crise: prorrogação das concessões ajuda indústria ferroviária

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Depois de atingir resultados ruins em 2019, demitindo quatro mil colaboradores nos últimos quatro anos, a indústria ferroviária comemora as boas perspectivas de crescimento. Essa retomada veio na renovação antecipada de concessões pelo governo federal, com novos projetos entrando no setor e alta nas encomendas para vagões e locomotivas.

Em maio houve a prorrogação, por 30 anos, da concessão da Malha Paulista, controlada pela Rumo. Já no mês passado foi a vez das estradas de ferro da Vale, Vitória-Minas (EFVM) e Carajás (EFC). Estão em andamento os processos da MRS Logística e da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Em 2015 foi o início das discussões, as concessionárias reduziram os investimentos em novos equipamentos enquanto não havia definições de contrato, mas agora foram estendidos até 2058.

A associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) prevê estimativas de produção para a década, uma vez que os principais aportes das concessionárias na modernização de suas malhas – e desembolsos exigidos na construção de novas ferrovias como contrapartida às renovações antecipadas de contratos – serão feitos gradualmente ao longo dos próximos anos.

O presidente da entidade, Vicente Abate, espera entregar uma média anual de 3,8 mil vagões e 83 locomotivas ao longo da década de 2020. A produção na anterior foi de 3,4 mil vagões e 90 locomotivas por ano, em média. Além disso, prevê recuperar os empregos que foram perdidos e, inclusive, ultrapassar a quantidade de mão de obra empregada em 2016, que chegava a 20 mil pessoas.

E já dá para observar os primeiros efeitos da retomada. Foram produzidos 1.672 vagões em 2020 e em 2021 a previsão é de aumentar para 2.500. Já para as locomotivas a previsão é de produção de 61 unidades, frente à 29 em 2020.

Os números deste ano devem contemplar a substituição de caixas de vagões da Vale, os 463 vagões e 21 locomotivas encomendados pela Bracell para transportar celulose na malha da MRS, de Pederneiras a Santos.

O movimento de recuperação também foi sentido por outras indústrias como a fabricante de dormentes de aço Hidremec. Sediada em Cariacica (ES), a empresa fechou contrato com a Rumo para fornecer seus equipamentos nas obras para ampliar a Malha Paulista.

Os projetos concedidos em 2019 da Norte-Sul estão sendo executados.  A Ferrovia de Integração Oeste-Leste tem leilão marcado para março e a Ferrogrão pode ser licitada até o fim do ano, como quer o governo. Conforme os projetos vão saindo do papel, melhor é a previsão para a indústria. Após os investimentos nas próprias malhas das atuais concessionárias, vêm empreendimentos como a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) e a linha Anchieta-Cariacica (Espírito Santo), negociadas como contrapartidas à renovação da Vale.

Mesmo assim, as principais indústrias de locomotivas e vagões ainda estão com ociosidade em de até 80% em suas linhas de produção por causa da paralisia na fabricação de trens para passageiros, associados a projetos de mobilidade urbana. A quantidade de trens caiu de 99 em 2019 para 72 no ano passado e em 2021 deve diminuir para 43 unidades. A retomada pode vir de obras da linha 6 e a ampliação da linha 2 do Metrô de São Paulo, a concessão das linhas 8 e 9 da CPTM, que tem leilão agendado para o início de março e o “people mover” do aeroporto de Guarulhos (SP). Além disso, também estão sendo fabricados os trens que serão exportados para Taipei e Bucareste.

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